Praça de pedágio: dinheiro só em último caso.

A partir de hoje, todas as empresas que contratarem uma transportadora ou um caminhoneiro serão obrigadas a fornecer o vale-pedágio, segundo a portaria publicada na quarta-feira pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Inicialmente, o vale-pedágio será ofertado em duas formas de pagamento: papel ou cartão eletrônico. A agência deu um prazo de vinte dias para o setor se adaptar ao novo sistema, mas desde hoje todas as concessionárias de rodovias terão que oferecer pelo menos um dos dois sistemas aos usuários. O pagamento do pedágio com dinheiro em espécie só será aceito quando os caminhões estiverem vazios ou com carga própria.

No Paraná, por enquanto, a única opção disponível é o cupom da empresa DBTrans, aceito por todas as concessionárias, que pode ser adquirido por meio do 0800-880-2000, ou pelo site www.e-pedagio.com.br . A outra modalidade autorizada pela ANTT, o cartão da rede Visa, chega no Estado até 15 de novembro, informou a empresa. Somando veículos das 3 mil transportadoras e autônomos, a frota paranaense é de 150 mil caminhões.

Com o novo sistema, as transportadoras acreditam que finalmente cessará o problema do vale-pedágio. “Os associados reclamavam que 5% dos embarcadores não repassavam o pedágio separadamente, por entenderem que o valor estava embutido no preço do frete”, relata Rui Cichella, presidente do Setcepar (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Paraná). Em caso de carga completa, o vale será pago pelo embarcador. Quando a carga for fracionada ou enviada por caminhoneiro autônomo, o pagamento será feito pela transportadora.

“No início, as novas normas criarão um pequeno transtorno para as transportadoras receberem dos embarcadores e para comprarem o vale, já que algumas não tiveram tempo de se cadastrar”, considera Cichella. “Mas entendemos que isso venha encerrar definitivamente as discussões sobre o vale-pedágio, pois todos ficarão cientes de que pedágio e frete são coisas distintas”.

Papel

A DBTrans atende 75% da malha rodoviária pedagiada do País, vendendo cupons pela Internet há um ano e meio, desde que entrou em vigor a Lei 10.209/01 (que instituiu o vale-pedágio). “Transportadores de pequeno e médio porte compram e recebem pelo Correio. Para as empresas que gastam mais de R$ 10 mil mensais com pedágio, justifica a instalação de uma impressora especial para imprimir os vales”, explica o diretor-gerente Gustavo Borges. A locação custa R$ 285 por mês.

O sistema da DBTrans na Internet traça roteiros de viagem, calcula os gastos com pedágio e emite o boleto bancário. A DBTrans cobra uma taxa adicional de 5% sobre o valor do pedágio. “Criamos o sistema antes da regulamentação, com o objetivo de resolver o problema de logística do dinheiro”, destaca Borges. Aos clientes cadastrados, a empresa oferece prazo para pagamento, dependendo de análise de crédito. Nesse mês, a empresa deve emitir 50 mil cupons, contra 42 mil em setembro.

Para ampliar a cobertura do serviço, a DBTrans vai instalar pontos de impressão em postos de gasolina. “Nossa previsão é atender primeiro os transportadores do Norte e Nordeste. Uma transportadora do Acre, por exemplo, não terá tempo de esperar a remessa dos cupons. Nos próximos 90 dias, pretendemos colocar 15 a 20 impressoras em postos do Sul”, revela Borges.

Cartão chega em novembro

Olavo Pesch

O cartão Visa Vale-Pedágio, com chip recarregável, já está operando em 11 das 35 concessionárias existentes no País e mais 15 estão em fase final de afiliação. “Estamos entrando em contato com todas as concessionárias do Paraná para que até 15 de novembro nosso sistema também seja aceito por elas”, informa Jorge Iazigi, vice-presidente de Relações com Mercado da Visa do Brasil. Inicialmente serão instaladas máquinas para transação com cartão, mas posteriormente a idéia é integrar o sistema de arrecadação das operadoras com o Visa.

“A facilidade do cartão é que as transações são todas eletrônicas. O embarcador dá a carga pela internet, não usa papel nem dinheiro”, comenta Iazigi. Para carregar o cartão, é necessário acoplar um leitor ao computador, que custa R$ 150. O cartão sai por R$ 7. Pelo site www.e-strada.net, é possível traçar o roteiro da viagem, calcular o pedágio, debitar o valor da conta – o único banco conveniado até o momento é o Bradesco – e carregar o chip. O Bradesco pretende fechar 2002 com 14 mil cartões Visa Vale Pedágio emitidos, chegando a mais de 60 mil em 2003.

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