A desagregação dos novos dados do mercado de trabalho do Brasil pelas cinco grandes regiões mostrou um País de diferentes realidades em termos de emprego. Na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad) Contínua, o retrato é de uma dinâmica mais aquecida nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, enquanto Norte e Nordeste ficam com as mais altas taxas de desemprego.

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No caso do Nordeste, a desocupação era a condição de 10% das pessoas que estavam na força de trabalho no segundo trimestre do ano passado. “É uma taxa bem mais alta. Mostra e confirma que realmente o mercado de trabalho é bem pior (do que a média nacional)”, avalia o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ), João Saboia. A taxa de desemprego do Brasil em igual período ficou em 7,4%.

Apesar de acreditar que o mercado de trabalho nordestino, ainda assim, apresenta evolução em relação a anos anteriores, Saboia ressaltou que é um dado negativo para o País. “É uma região onde a economia é menos desenvolvida, e a população é muito grande.” Na visão do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e sócio-diretor da consultoria Nobel Planejamento, a amplitude entre as taxas do Sul e do Nordeste, por exemplo, reflete problemas econômicos e sociais. “Você tem bolsões de desenvolvimento estrutural que você não consegue resolver assim tão de repente, principalmente no interior”, afirmou.

A explicação para essa discrepância pode estar nas atividades dessas regiões. Para o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o fato de o comércio e os serviços, principais setores empregadores no País, ainda não serem tão desenvolvidos nas Regiões Norte e Nordeste pode dificultar a população desses lugares na busca por um trabalho.

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O economista Carlos Henrique Corseuil, diretor adjunto de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lembrou que, na PME, as duas regiões metropolitanas do Nordeste (Recife e Salvador) costumam ter desemprego maior – o que diminuiu a surpresa com os dados informados ontem (17).

Para a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, a discrepância entre as regiões é uma característica do mapa do emprego no País. “As diferenças regionais fazem parte da estrutura do mercado de trabalho brasileiro.”

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A Pnad Contínua apontou que, no segundo trimestre do ano passado, a taxa de desocupação no Norte era de 8,3%. Enquanto isso, o Sul teve a menor taxa de desocupação entre as grandes regiões. No período, 4,3% da população dentro da força de trabalho estava desempregada. As taxas de desocupação no Sudeste (7,2%) e no Centro-Oeste (6%) também ficaram abaixo da taxa média nacional.

Cultura

Além dos desafios socioeconômicos vividos pelas regiões Norte e Nordeste, os indicadores também retratam um Brasil de diferentes culturas. O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, destacou que a participação das mulheres no mercado de trabalho é maior na Região Sul. “Trata-se de uma questão cultural.” Lá, as mulheres são 44% do total de pessoas ocupadas.

Já no Nordeste, as mulheres representam 40,7% das pessoas que têm emprego, só perdendo para o Norte, onde o porcentual é de 38,9%. “A participação das mulheres no mercado de trabalho é menor nessas regiões”, afirmou Azeredo. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.