Foto: João de Noronha/O Estado |
Sandro Silva, do Dieese: safra de cana e operação tapa-buraco deram mais oportunidades. |
O nível de emprego no Paraná fechou o mês de março com crescimento de 0,56%, com o saldo de 10.035 empregos – a maior parte deles (80%) no interior do Estado. Entre os setores que mais empregaram, destaque para a indústria de alimentos e bebidas, que apresentou saldo de 4.058 empregos. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego e foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR).
Apesar do saldo positivo, o resultado de março este ano foi pior do que o do ano passado, quando foram criados 15.529 empregos – redução de 35%. De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, a tendência era que o saldo de fato diminuísse. ?Os dois primeiros meses desse ano geraram muito mais empregos do que os (dois primeiros) do ano passado?, lembrou o economista. Em janeiro, o salto foi de 3.200 no ano passado para 6.864 este ano (crescimento de 115%) e, em fevereiro, de 9.147 para 14.601 -aumento de 60%. ?Já imaginávamos que esta realidade não iria perdurar?, afirmou Silva.
Segundo ele, a concentração de novos empregos logo no início do ano ocorreu por conta da operação tapa-buraco, antecipação da safra de cana-de-açúcar e os dois eventos da ONU realizados na Grande Curitiba no mês passado.
Além da indústria de alimentos e bebidas, outros setores que contrataram em março foram agricultura e silvicultura (1.794 empregos), outros serviços (1.406), ensino (964) e transporte e comunicação (394). Na outra ponta, o comércio varejista liderou o maior número de demissões no mês: 675. Para Sandro Silva, o desempenho negativo ainda é resultado do impacto da agricultura no interior, com a quebra da safra, real valorizado e commodities agrícolas em queda. Também os setores de madeira e mobiliário (-329 empregos) e o de produtos minerais não metálicos (-55 vagas) tiveram resultados ruins.
Na comparação com outros estados, o Paraná ficou na quinta posição na geração de empregos no mês de março, acima da média nacional que foi de 0,29%. O maior resultado foi verificado no Amazonas (1,07%) e o menor em Alagoas (queda de 6,31%).
Ano
No ano (janeiro a março), o Paraná gerou 31.500 empregos, com variação positiva de 1,78%. No mesmo período do ano passado, o saldo foi menor: 27.876 empregos. Entre os setores que mais empregaram no ano, destaque para a indústria de alimentos e bebidas (6.401 vagas), outros serviços (4.837), hotéis e restaurantes (3.056) e construção civil (3.032). Já o pior desempenho foi registrado pelo setor de madeira e mobiliário (-459 empregos).
Nesse tipo de comparação, o Paraná ficou na oitava posição no ranking entre os 27 estados, acima da média nacional de 1,30%.
Para o economista do Dieese-PR, a expectativa é que o emprego apresente bom desempenho no ano e que feche com o número maior do que o de 2005 – quando o saldo foi de 72 mil empregos -, mas menor do que 2004 (saldo de 122 mil empregos). ?Deve ser um resultado intermediário?, comentou.
Quanto ao desemprego, o Dieese estima que na Grande Curitiba a taxa seja de 13,7%, o que corresponderia a aproximadamente 201 mil desempregados.