Nigerianos escolheram um ex-ditador militar e proeminente político anticorrupção para liderar a maior economia da África, depois de um pleito tenso no qual estavam em jogo o combate a terroristas islâmicos e a melhor distribuição das riquezas oriundas dos royalties do petróleo.

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Faltando apenas os dados de um dos estados, a comissão eleitoral da Nigéria informou que Muhammadu Buhari recebeu 53% de um total de 29 milhões de votos. O atual presidente, Goodluck Jonathan, o primeiro titular a perder uma eleição desde que a democracia retornou ao país, em 1999, teve 46% dos votos.

Jonathan ligou para Buhari – um ex-general que está em sua quarta corrida presidencial – para parabenizá-lo pela vitória, disse Osita Chidoka, ministro da Aviação e assessor próximo do atual presidente. O dirigente afirmou ainda que Jonathan irá se pronunciar à nação “em breve”.

Uma transição pacífica pode ser um passo histórico para a Nigéria e para o continente como um todo. A democracia irregular do país sofreu com violência pós-eleitoral no passado, e as corridas presidenciais passadas nunca terminaram bem.

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A ONG Human Rights Watch disse que mais de 800 pessoas morreram depois que Jonathan derrotou Buhari em 2011.

Da capital comercial Lagos às cidades do nordeste, controladas pelos insurgentes islâmicos do Boko Haram, nigerianos foram às ruas para celebrar a vitória de Buhari.

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“Jonathan não consegue enxergar tudo o que precisamos – e são tantas coisas”, disse Joseph Odeh, um ajudante de cozinha de 19 anos. “Buhari trará a mudança para o nosso país.”

Ambos os candidatos se comprometeram a respeitar os resultados se eles considerá-lo credível. Isso tornou-se uma ressalva fundamental nesta semana, enquanto ambos os lados apontou falhas no processo eleitoral.

Antes de o resultado ser anunciado nesta terça-feira, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, elogiou o processo eleitoral nigeriano e afirmou que o pleito havia sido livre e justo, segundo os observadores internacionais.

Analistas ponderam, no entanto, que a vitória de Buhari não pode significar, necessariamente, um ganho da democracia. Isso porque o ex-general comandou um dos períodos ditatoriais mais violentos da Nigéria, entre dezembro de 1983 e agosto de 1985.

“O general Buhari estaria cometendo um erro se ele imaginar que não estaremos atentos aos movimentos dele agora”, disse Ayi Obe, um defensor dos direitos humanos.

Apoiadores de Buhari dizem que ele tem a intenção de enfrentar esse desafio, uma vez que agora diz abraçar direitos democráticos.

“Ele é um democrata arrependido”, disse Rotimi Amaechi, governador do Estado de Rivers, rico em petróleo e um líder da campanha de Buhari.

Buhari também vai enfrentar a difícil tarefa de cumprir suas promessas para acabar com a corrupção e recuperar o crescimento econômico da Nigéria. Diante da queda global dos preços do petróleo, o orçamento federal está em frangalhos e a moeda do país, a naira, está em mínimos históricos.

Os nigerianos também esperam que a vitória de Buhari marque uma mudança na ofensiva contra o grupos extremistas islâmicos. “Nós estamos tão felizes, estamos celebrando. Acreditamos que Buhari irá expulsar o Boko Haram da Nigéria”, afirmou Aminu Yahya, um jovem de 23 anos. Fonte: Dow Jones Newswires.