New York Times tece elogios a Palocci

Com o título "Para a economia do Brasil, o médico está a postos", o site do The New York Times traz uma matéria elogiosa sobre o desempenho do ministro da Fazenda, Antônio Palocci. A matéria observa que Palocci foi um discípulo rápido, lembrando que o ministro foi o primeiro a admitir que sabia pouco sobre política fiscal quando assumiu o cargo em janeiro do ano passado. Agora, após dois anos no cargo e conversas com economistas acadêmicos e com Wall Street, ele se encontra presidindo a expansão econômica mais robusta do Brasil em uma década, ressalta a publicação.

Graças a um boom nas exportações, o jornal destaca que o País está a caminho de registrar um superávit comercial de quase US$ 33 bilhões, o maior da história. A economia, ao mesmo tempo, expandiu-se 6,1% no terceiro trimestre, ante o mesmo período do ano anterior, o que corresponde à taxa mais acelerada em oito anos. Os números colocam o Brasil rumo a uma taxa de crescimento de mais de 5,3% neste ano, o que corresponderá ao melhor desempenho desde 1994.

O texto afirma que a onda de boas notícias econômicas solidificou a reputação de Palocci como o membro mais influente do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o NYT, Palocci minimizou as conversas sobre seu aumento de poder no governo. "O que está em fortalecimento no governo e no País é a convicção de que um comportamento fiscal bom traz resultados positivos para a economia", disse. "Se há ou não aumento da influência não é importante."

"Para alguém que não é um economista, ele está fazendo um trabalho admirável", comentou o cientista político Bolívar Lamounier, para o NYT. "Ele conseguiu manter uma postura pragmática e realista mesmo circundado por tubarões."

"O governo não tem uma política de desenvolvimento. Tem uma política de estabilização,", afirmou o economista da Fundação Getúlio Vargas, Paulo Nogueira Batista Jr., ao NYT. "Há uma overdose de austeridade monetária e fiscal que deve afetar as chances de desenvolvimento de longo prazo", observou Nogueira.

Palocci rebateu as críticas, repetindo que não há como combater as disparidades sociais sem colocar as finanças em ordem. "Nossa história mostra que, se não implementarmos medidas fiscais sérias, o lado social será a primeira vítima", ponderou. "Se tivéssemos escolhido um processo de ajuste mais modesto, estaríamos aceitando uma recuperação econômica mais modesta. Prefiro um ajuste mais intenso para que o País possa desfrutar de uma recuperação mais duradoura", afirmou.

Vários economistas destacaram que a serenidade e o ambiente econômico mundial favoreceram Palocci. "Palocci ainda precisa ser testado em um ambiente de estresse", considerou o chefe de estratégia para dívida e economia de mercados emergentes do ABN Amro, Arturo Porzecanski. "O vento não ficará favorável para eles para sempre. Por isso, agora, eles devem aproveitar janela de oportunidades para fazer o que tem de ser feito."

O NYT destaca que, "ao lançar políticas monetárias e fiscais austeras, apesar da violenta oposição política de membros do Partido dos Trabalhadores, Palocci obteve significantes avanços na organização das finanças públicas". De acordo com o jornal, "isso, por sua vez, ajudou a banir temores em Wall Street de que o País poderia deixar de honrar sua dívida pública de US$ 345 bilhões e também a confiança dos mercados financeiros no governo de esquerda brasileiro".

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