O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, fez nesta terça-feira, 29, uma avaliação dos últimos anos na economia brasileira, durante seminário temático na Câmara dos Deputados, e afirmou que o processo de ascensão da nova classe média está consolidado.
Essa nova classe social, segundo ele, exige do Estado uma nova agenda para atendê-la em serviços eficientes. “É preciso fazer um completo redesenho das políticas públicas, que não são uma coisa pop, como o programa para sair da miséria, mas coisas mais importantes”, disse. “Já avançamos muito no combate à pobreza e acho que falta a construção de uma agenda positiva. As pessoas não se identificam mais como pobre. Numa agenda positiva você usa a imagem como as pessoas se veem”, afirmou.
Segundo o ministro, as manifestações de junho do ano passado sinalizaram nessa direção. Ele observou que o País enfrenta ciclos de mudanças a cada dez anos, o que deve se repetir em 2014. O ministro colocou 2007 como ano principal da última década, o que ocorreu após se colher os primeiros resultados das políticas “pop” do governo do ex-presidente Lula. “A sensação de que o futuro está chegando no País do futuro chegou em 2007, antes da crise de 2008”, disse.
No entanto, Neri destaca que o momento atual “é de novas agendas e de fazer escolhas”. Entre elas, ele citou o planejamento do aumento da produtividade e da massa salarial como itens essenciais de uma nova política pública, capaz de estimular a poupança das famílias. “Talvez estamos dando muito mais ênfase ao consumidor do que ao trabalhador, o produtor”, disse.
Neri afirmou que o estimulador da economia nos últimos anos não foi o consumo, mas o aumento da mão de obra empregada com carteira assinada, especialmente na redução da miséria e diminuição da desigualdade do social. “O protagonista dessa evolução não foi o consumo, mas o trabalhador. A carteira de trabalho como símbolo. A ênfase no consumo não foi uma coisa que eu tinha claro para mim, porque quando a gente olha para o produtor, o aumento do salário e da carteira de trabalho é de 38% (a partir de 2004)”, observou.