Negociação do transporte coletivo segue emperrada

Continua o impasse na negociação da convenção coletiva dos 13,5 mil trabalhadores do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana, cuja data-base é sábado, primeiro de fevereiro. A categoria reivindica reajuste salarial de 15%. Não houve acordo na mesa-redonda realizada ontem na Delegacia Regional do Trabalho do Paraná (DRT/PR), em Curitiba, a pedido do Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc). Na reunião, que durou cerca de duas horas, os empresários do setor alegam que só é possível dar aumento salarial se houver garantia de correção das tarifas de ônibus.

A URBS, empresa que gerencia o transporte coletivo em Curitiba e linhas integradas da Região Metropolitana, concorda com a elevação da passagem. Já informou que a tarifa deve passar de R$ 1,50 para R$ 1,70, por causa do acordo trabalhista e da defasagem do preço do óleo diesel. Porém a aprovação de novos valores para as linhas metropolitanas não-integradas depende do aval da Comec (Coordenadoria da Região Metropolitana de Curitiba) e da Secretaria Especial da Região Metropolitana, do governo do Estado. Embora convocados para a audiência de ontem, não mandaram representantes.

Na mesa-redonda, o Sindimoc chegou a sugerir ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana que a negociação com os trabalhadores de Curitiba fosse feita separadamente. “Mas o sindicato patronal quer a negociação conjunta, porque tem empresas que fazem linhas de Curitiba e Região Metropolitana e não há como ter dois profissionais trabalhando na mesma função, mas ganhando salários diferentes”, explicou o presidente do Sindimoc, Denilson Pires. “Tentamos de todas as formas sensibilizar os empresários, mas eles disseram que não têm condição de dar um centavo de aumento aos motoristas da Região Metropolitana se a Comec ou o governo do Estado não garantirem o aumento da tarifa”.

Como o sindicato patronal não garantiu a data-base, o Sindimoc ingressará hoje na Justiça do Trabalho com um protesto judicial. Uma nova mesa-redonda na DRT foi marcada para amanhã, às 11h. “Esperamos chegar a um acordo que não prejudique a população, nem os motoristas e cobradores”, ressaltou Pires. Caso a indefinição persista após a nova audiência, os motoristas e cobradores farão uma assembléia no sábado ou segunda-feira onde votarão a proposta de greve.

Diesel acumula alta de 99,43%

Em 2002 o óleo diesel teve mudança no preço nove vezes e acumulou alta de 99,43%, índice bastante superior ao aumento da gasolina que, no ano passado, subiu 44,74%. O aumento do diesel usado no transporte urbano, rodoviário e de cargas no país torna cada vez maior o peso do combustível sobre a tarifa de quem usa o ônibus todos os dias. Cada vez que o passageiro paga a tarifa de R$ 1,50, R$ 0,37 vão para o diesel, o equivalente a 24,7%, informa a Urbs – empresa gerenciadora do transporte coletivo da capital.

Por causa dos sucessivos aumentos, a tarifa de ônibus, que deveria ter subido em 2002 apenas em fevereiro, mês do dissídio dos trabalhadores, subiu mais duas vezes em função da alta do diesel – em julho e em novembro – e fechou o ano de 2002 com dois aumentos do combustível não calculados sobre a tarifa. Em 1.º de dezembro o diesel subiu 9,5%, e no dia 29, 11,3%.

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