A Petrobras não apresentou ontem, durante reunião com representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP), melhoria na proposta salarial. Segundo o presidente do Sindicato dos Petroleiros no Paraná (Sindipetro), Anselmo Ruoso Júnior, foram apresentadas apenas questões pontuais, que não contribuíram para o fim do impasse. Na próxima sexta-feira, a estatal deverá apresentar a proposta econômica, segundo Ruoso. “O que ofereceram ficou muito aquém das expectativas. As manifestações prosseguem até sexta”, afirmou.
Ontem, funcionários da Refinaria Getúlio Vargas (Repar) e da unidade da Superintendência de Industrialização do Xisto (Six), em São Mateus do Sul, realizaram paralisação de 24 horas. Segundo o Sindipetro, a greve já havia sido aprovada pelos trabalhadores e a data ficou à cargo da entidade, que resolveu surpreender a empresa.
Cerca de 60 funcionários da Repar entraram no turno das 23h30 de anteontem, mas não saíram às 7h30 da manhã de ontem. Eles vão permanecer no trabalho até às 7h30 de hoje. Os trabalhadores dos turnos seguintes não ingressaram na Petrobras. “A nossa intenção foi criar transtorno para a empresa e causar indignação. A produção não está prejudicada”, afirma o presidente do Sindipetro. A paralisação na Six começou na zero hora de ontem. Apesar da paralisação, a Petrobras confirmou através da assessoria de imprensa que a produção não chegou a ser afetada. A Six produz 7,8 mil toneladas de xisto por dia, enquanto a Repar, 32 milhões de litros de derivados de petróleo por dia.
Pauta
A categoria reivindica o fim da discriminação dos funcionários que entraram na Petrobrás depois de 1997. De acordo com Ruoso, eles não têm uma série de direitos que empregados mais antigos possuem. Entre eles está o anuênio, um adicional por tempo de serviço. Os mais novos somente conseguiram, no último acordo coletivo, a aplicação do quinqüênio, benefício concedido a cada cinco anos. A reivindicação se estende para o aumento de 5% nos salários para cobrir as perdas econômicas nos últimos anos. “Em setembro, já tivemos uma reposição da inflação de 7,82%. Queremos abrandar as perdas financeiras”, explica o presidente do sindicato.
Além disso, a categoria pede o direito à previdência complementar para as contratações após 1997, melhores condições de segurança no trabalho e a “primeirização” de diversas atividades. “O nível de terceirização é muito grande em relação a outras empresas do setor. Para cada funcionário da Petrobrás, existem três terceirizados. Isso acaba influenciando diretamente na segurança operacional”, opina Ruoso.
Ele classifica a paralisação como o início do processo de reivindicações dos trabalhadores. Um calendário de mobilização está sendo colocado em prática. A princípio, outra greve de 24 horas não deve acontecer nas duas unidades. Mas há a possibilidade de outros locais da Petrobrás, como em Paranaguá, sofrerem paralisações como esta. O presidente do Sindipetro conta que a empresa quer negociar o fim deste calendário. A entidade, porém, vai seguir com o planejamento pois acredita que existe uma grande diferença entre o que é pedido e a contraproposta. (Joyce Carvalho e Lyrian Saiki)
Petróleo bate recorde de US$ 51
O petróleo cru atingiu ontem o recorde histórico de US$ 51 o barril na Nymex. Mas a commodity não deve conseguir se sustentar acima dos US$ 50, na avaliação do professor Saul Suslick, diretor do Centro de Estudos do Petróleo da Unicamp (Cepetro). Segundo ele, a alta atual tem viés especulativo. “Tem um bom componente de especulação, em função das expectativas”, disse.
Suslick estima que a Petrobras poderá definir reajustes médios para os preços dos derivados do petróleo entre 12% e 15%. Segundo o professor, as estimativas para os reajustes necessários para os preços dos derivados chegam a 20% em alguns produtos.
Investimentos na Argentina
A Petrobras Energia confirmou ontem seu plano de investimentos de US$ 1,4 bilhão para o período de 2004 a 2007 na Argentina. “A Petrobras se consolida no país a partir de uma estratégia de crescimento centrada nas atividades de exploração e produção com o objetivo de aumentar reservas e a correspondente produção de gás e petróleo”, informa o comunicado emitido pela empresa. De acordo com a estratégia mencionada, mais de 50% dos investimentos serão aplicados em exploração e produção.
Desde 2002, a Petrobrás aumentou de cinco para os 18 blocos de exploração, incluindo os projetos que se encontram em análise pelo governo. Em 2003, a petrolífera brasileira perfurou e reparou 412 poços e chegará ao final de 2004 com 530.