O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse hoje que cada vez mais o potencial total de capital investido no Brasil, que é objeto de hedge (proteção) completo, está diminuindo. Isso, de acordo com ele, é um dos vários ganhos que vieram com a estabilidade econômica do País. Meirelles destacou que estas são informações com base em dados empíricos. Mas afirmou não ter dúvidas que grandes corporações que têm, por exemplo, 50% de suas vendas nos Estados Unidos e 40% na Europa não estão fazendo hedge total de seus investimentos em euro ou dólar.
Ele afirmou ainda que até há algum tempo “o aumento do investimento estrangeiro, ou a melhora da qualidade do investimento estrangeiro, não refletia necessariamente na maior previsibilidade e estabilidade”. Antes de entrar para o auditório, onde participou do encerramento do painel “Discussão: Crescimento e Infraestrutura”, durante evento da Bloomberg, o presidente do BC teria sido perguntado sobre o porquê de o BC não ter sua autonomia formal aprovada. Meirelles não quis opinar sobre o tema, alegando que a independência do BC como agência reguladora é uma questão política. “Evidentemente, é uma questão política e não compete ao BC opinar sobre isso. Compete ao presidente da República e ao Congresso”, disse Meirelles.
No entanto, ele contou a história de um político de um determinado país que teria enviado ao Congresso projeto de independência do BC. Segundo o relato, os demais políticos teriam chegado ao autor do projeto e questionado suas pretensões políticas, uma vez que eles entendiam que, ao enviar projeto desta natureza ao Congresso, ele estaria repassando parte de seus poderes. No entanto, de acordo com Meirelles, o tal político teria respondido aos colegas que era justamente por ter pretensões políticas que ele defendia a autonomia formal do BC, pois ele não queria, mais à frente, ter a responsabilidade de formular política monetária e responder por taxas de juros.
