Com a chegada de pelo menos quatro navios de cruzeiro alemães no Porto de Paranaguá durante a temporada de verão deste ano, todo o turismo do Paraná deve ser beneficiado. A novidade deve impulsionar o desenvolvimento do setor não apenas na cidade em que os navios vão atracar, mas também em outros municípios. Pelo menos é o que pensa quem trabalha diretamente com atividades do ramo no Estado.
Para o presidente da Câmara Setorial de Hotéis, Restaurantes e Similares da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá (Aciap), Célio Reis de Souza, quanto mais turistas visitarem o local, melhor. “A chegada desses navios deve movimentar todo o comércio da cidade e todo mundo está se preparando para isso, melhorando serviços com capacitação dos colaboradores. Assim, se eles falarem bem da cidade, começamos um ‘efeito formiguinha’ de divulgação da cidade”, opina.
Ele admite que nem todos os turistas que chegarem com os navios ficarão na cidade, mas acredita que este “é um meio de atrair turistas para Paranaguá” e que “a vinda deles é de grande importância, mesmo que seja de passagem”. O diretor de relacionamento com o mercado da Associação Brasileira de Agências de Viagem no Paraná (ABAV-PR), Geraldo Rocha, concorda. “O litoral do Paraná é o único que ainda não recebia cruzeiros e a chegada desses navios alemães é um começo, que já deve movimentar a economia local e do restante do estado”, avalia.
Para ele, a chegada de um navio desses pode contribuir para o desenvolvimento até mesmo de cidades mais distantes, como Foz do Iguaçu. “Há um tempo, veio outro navio, cujos turistas almoçaram no litoral, subiram para Curitiba, conheceram a capital e depois fizeram um voo para Foz para conhecer as Cataratas, ou seja, aproveitaram tudo que o Estado oferece. Com esses novos navios, pode acontecer a mesma coisa. E isso é ótimo porque movimenta tudo: aeroporto, táxi, restaurante, hotéis”.
Falta terminal de passageiros
Apesar de enxergarem a vinda dos navios alemães como positiva, tanto Souza quanto Rocha acreditam que o Paraná ainda precisa melhorar muito a sua infraestrutura para que realmente passe a fazer parte do roteiro de cruzeiros no Brasil. A principal dificuldade seria a falta de um terminal exclusivamente para desembarque de passageiros. Para a chegada desses navios alemães, foi feita uma adaptação de um terminal de cargas para que eles possam atracar e os turistas desceram para a terra em segurança.
“Em outros estados, como Santa Catarina, os navios ficam atracados em baías. Infelizmente, o litoral do Paraná não oferece essa possibilidade. Por isso, temos a necessidade do terminal, mas ainda não temos nada pronto”, conta Rocha. Souza concorda. “Temos que ter espaço para navios atracarem com segurança e assim, poder receber mais turistas, pois atualmente temos apenas turismo de negócios em Paranaguá por causa do porto, mas precisamos expandir os negócios”.
A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), órgão vinculado ao governo do Estado, já tem um projeto para a construção de um terminal de passageiros, apresentado neste ano para o governo federal para pleitear verbas para sua execução. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, enquanto o projeto não recebe um retorno da presidente Dilma Rousseff (PT), a Appa está tentando o apoio de empresas privadas para viabilizar o projeto.
Para Rocha, a construção de um terminal de passageiros no Porto de Paranaguá poderia beneficiar os paranaenses não apenas por contribuir com a economia local, mas também facilitando o acesso aos próprios cruzeiros. “As agências de viagem aqui do Paraná vendem muitos pacotes de navio, mas todo mundo tem que ir até Santos. Imagina se tivesse um navio desses atracado aqui perto, com a possibilidade de o turista embarcar sem gastar tempo e dinheiro com uma viagem cansativa até o litoral paulista, pedágio e estacionamento caro. Com certeza, há demanda para isso aqui”, sugere.
