Nas cifras das cores e dos aromas

O setor de floricultura é considerado um negócio emergente e de alta lucratividade no Brasil. Em 2007, movimentou R$ 2,4 bilhões em todo o País e, segundo a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais, o agronegócio da floricultura é responsável pela geração de cerca de 170 mil empregos, dos quais 50% estão na produção e 40% no comércio varejista. No Paraná, nos últimos dez anos, o setor cresceu 324%, e em 2006 (dado mais atual) gerou renda de R$ 45,5 milhões, o que representa 0,18% do agronegócio do Estado. Em todo o mundo, o setor produz o equivalente a US$ 16 bilhões.

No entanto, apesar de todos esses resultados, o setor vem crescendo praticamente por conta própria. Isso porque quase não existem linhas específicas de financiamento para os produtores e os programas de incentivo à produção ainda são poucos. Mesmo assim, há quem deixe se ?embriagar? pelas cores e perfumes e invista na floricultura. É o caso de Paulo Sérgio Haiduk, que há oito anos trocou a produção de hortaliças que sofria com o aumento da concorrência e com as intempéries climáticas para investir em um negócio mais seguro, que, segundo ele, vem crescendo cerca de 20% ao ano.

Paulo Sérgio Haiduk trocou hortaliças por flores: negócio mais seguro.

Toda a produção, feita em uma área de dois mil metros quadrados, é protegida por estufas, onde Haiduk obtém cerca de 75 mil mudas de flores por mês. ?Optei pelas flores porque o mercado de hortaliças estava saturado. Hoje produzo em uma área menor, protegida de geadas, chuvas fortes ou calor excessivo, e tenho um rendimento melhor?, diz. Produtor desde a década de 60, Silvestre Ukachinski trabalhou até 1994 com paisagismo e, em seguida, resolveu investir no plantio de flores por enxergar um mercado promissor. Hoje ele possui uma estufa de dois mil metros quadrados na propriedade em Campo Largo, só para a produção de flores de época; e em dois alqueires, produz uma grande variedade de plantas ornamentais, que, segundo ele, exigem menos cuidados e têm custo menor.

Posição

O crescimento do consumo de flores e plantas ornamentais no Brasil estaria ligado ao aumento do poder aquisitivo da população e investimentos em meio ambiente. Apesar disso, o País ainda tem um baixo consumo, se comparado a outros países. Dados do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apontam que o consumo per capita de flores anual do brasileiro está em torno de US$ 3, enquanto que o argentino consome cerca de US$ 25 por ano, o europeu em torno de US$ 60, o americano US$ 90 e o escandinavo, cerca de US$ 120 a cada ano. Hoje os maiores estados produtores são São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Sul.

No Paraná, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), em 2006, enquanto as principais culturas cresceram 7,8%, a pecuária 27%, as frutas 24%, as hortaliças e especiarias 39% e os produtos florestais 116%, a floricultura registrou crescimento de 324%. Este grupo inclui a produção de mudas de árvores para arborização, gramado, plantas ornamentais, flores de vaso e flores de corte, entre outras. Dentre os itens, a região de Curitiba é responsável por 53% da produção de gramado, e as regiões de Londrina e Maringá respondem por 87% da produção de flores de vaso.

Potencial de crescimento e mercado garantido

De acordo com dados do Deral, em 1997 a produção de flores estava concentrada em 13 municípios paranaenses. Em 2006, já atingia 22 municípios. O grande potencial de crescimento e mercado interno garantido têm feito com que cada vez mais produtores invistam no setor da floricultura, uma atividade que exige não apenas recursos financeiros, mas também cuidados permanentes e mão-de-obra qualificada.

A renda bruta com a produção de flores pode chegar a R$ 100 mil/ano, por hectare. A atividade utiliza um espaço pequeno e gera muitos empregos. Segundo o Deral, para cada hectare de flor plantado, são gerados 15 empregos diretos, enquanto que para cada hectare de soja é gerado apenas 0,02 emprego.

Pedro Braosi: insumos, porém, são caros. Caminho pode ser a diversificação.

Apesar de todas as vantagens, alguns produtores estão descontentes com o retorno do investimento e partem para a diversificação. Pedro Sérgio Braosi investiu, há nove anos, R$ 25 mil para construir a primeira estufa para a produção de flores. Hoje a mesma estrutura não sai por menos de R$ 48 mil. Quando começou, conseguia vender uma caixa com amor-perfeito por até R$ 8; atualmente, o valor não passa de R$ 6. ?Houve um aumento muito grande no custo da produção, principalmente pelo preço dos insumos, mão-de-obra e sementes, que são importadas?, reclama.

O mesmo discurso tem o produtor Silvestre Ukachinski, que está partindo para a venda de plantas e acessórios para acabamento e forração (como pedras e casca de pinus) para melhorar a renda.

Já Paulo Sérgio Haiduk está apostando em flores de vaso.

Além de ser uma nova opção, é uma forma de aproveitamento das estufas. Os três produtores vendem boa parte da produção no Mercado de Flores do Ceasa, que abre de terça a sábado, com vendas no atacado e varejo.

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