Há quase três anos, no auge da recessão, o empresário Humberto Gonçalves não conseguia pagar o décimo terceiro salário dos funcionários no prazo. Ao jornal O Estado de S. Paulo, ele contou que teve de adiar a segunda parcela do benefício por dois meses.
Hoje, os pedidos começam, aos poucos, a voltar. Mas tudo ainda é muito distante do que era antes da recessão, diz o sócio da Tec-Stam, empresa que fabrica parafusos para outros segmentos da indústria. Por fornecer para diversos setores, sua empresa acaba sendo uma espécie de termômetro da recuperação.
“A indústria não teve anos fáceis desde a recessão, mas é um cenário que a crise apenas agravou. Nós sentimos um processo de decadência da indústria brasileira desde 2007. Naquela época, todo mundo estava em festa, com a explosão dos preços das commodities e os bons resultados do setor de serviços. Mas, tirando a bolha do setor automobilístico, todos os outros já estavam desacelerando.”
A empresa, que chegou a ter 72 funcionários há dez anos, hoje tem 38. “O faturamento também não cresceu, ficou estagnado há mais de uma década, enquanto os custos só aumentavam. Este ano está melhor do que o ano passado, a gente vê um aumento de pedidos em alguns segmentos específicos, como o de fabricação de tratores e de implementos agrícolas.”
Apesar do esboço de recuperação, Gonçalves avalia que a indústria ainda patina pela falta de acesso a crédito barato. “Se você tenta tomar R$ 100 mil emprestados, o banco te pede uma garantia de R$ 1 milhão. O investimento que fizemos em maquinário foi com recursos próprios.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.