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Não há cronograma preestabelecido para flexibilização monetária, diz Ilan

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira, 4, que a flexibilização da política monetária – ou seja, o corte de juros – não obedece a nenhum cronograma preestabelecido. O comentário foi feito em resposta a senadores da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), durante audiência no Senado.

Segundo Goldfajn, é uma combinação de fatores que vai gerar as condições para a flexibilização. Estes fatores são os que já vêm sendo citados pelo Banco Central em suas comunicações recentes: a alta menor dos alimentos, os efeitos da política monetária sobre os preços dos serviços e os ajustes na área fiscal.

“Na medida em que reformas forem feitas, teremos estruturalmente juros menores”, comentou Goldfajn, em defesa dos ajustes. Segundo ele, os juros menores também vão “ajudar na questão do câmbio”. Durante a audiência, senadores ligados ao setor produtivo criticaram o fato de o dólar ter recuado ante o real neste ano, o que prejudica as exportações, tanto por parte das indústrias quanto do agronegócio. Em resposta, Goldfajn voltou a citar o câmbio flutuante e destacou que, “nos últimos tempos, temos volatilidade menor no câmbio”.

O presidente do BC também voltou a abordar a questão dos swaps e o fato de, em 2016, a instituição ter reduzido sua posição vendida nestes contratos. “Fizemos intervenções para reduzir estoques de swaps por uma questão de cautela”, afirmou Goldfajn, repetindo uma ideia de falas mais recentes. Ao reduzir o estoque, na prática o BC reduz também o risco dos swaps, caso haja pressão cambial.

Retração

Ilan Goldfajn avaliou que o País passa hoje por uma retração tanto da oferta quanto da demanda por crédito. Questionado, durante audiência da CAE do Senado, sobre o fato de o crédito ter diminuído durante a crise econômica, prejudicando o setor produtivo, Goldfajn afirmou que o mercado “tem liquidez e, quando a recuperação da economia ficar clara, isso dará ‘um gás'”.

Durante as perguntas a Goldfajn, o senador Armando Monteiro (PTB-PE) qualificou o spread como “jabuticaba brasileira”, dado seu valor. “O Brasil precisa avançar nesta agenda”, disse o senador. Temos hoje cinco instituições que respondem por 75% da oferta de crédito. Essa concentração contribui para os spreads altos.”

Em resposta, Goldfajn afirmou que “não é à força que vamos reduzir o spread bancário; há várias questões de médio e longo prazo”. Segundo ele, a questão dos spreads faz parte de um dos pilares da agenda do Banco Central. “Não faz parte do pilar o congelamento, o voluntarismo”, acrescentou.

Goldfajn afirmou ainda que um dos objetivos do BC é tornar o sistema financeiro mais eficiente. “As questões das taxas dos cartões de crédito estão na agenda do BC”, afirmou, em resposta a comentários da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) dando conta que as taxas dos cartões são abusivas. “Temos também como objetivo a transparência e a portabilidade (de crédito). A educação financeira é outro pilar. (Queremos) permitir que todos saibam fazer o cálculo (das taxas).”

Casa da Moeda

Durante a audiência, Goldfajn foi ainda questionado por Kátia Abreu sobre o fato de a instituição poder comprar cédulas e moedas de real no exterior, em detrimento da Casa da Moeda. Segundo ela, essa possibilidade foi aberta porque o papel lá fora é mais barato – e não porque a Casa da Moeda não consegue produzir.

Goldfajn rebateu a afirmação. Segundo ele, o BC recebeu carta da Casa da Moeda dizendo que não atenderia 27% do suprimento de cédulas este ano. “Queremos suprir de cédulas a economia brasileira”, afirmou, ao justificar a possibilidade de as notas serem compradas no exterior. Goldfajn afirmou, por outro lado, que toda a produção entregue pela Casa da Moeda será comprada pelo BC. Caso não supra a necessidade, será feita a importação que, dado o caráter de urgência, não pressupõe licitação.

Momento ideal

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que o Brasil deveria aproveitar para fazer ajustes. “O momento é agora”, afirmou Goldfajn, durante audiência pública na CAE do Senado.

Segundo ele, a oportunidade existe porque, neste momento, os emergentes têm acesso a financiamento barato e são favorecidos pela busca global por risco, num ambiente de taxas de juros baixas ou negativas nas economias centrais. “Só que a situação não vai durar para sempre. Os Estados Unidos vão começar a normalizar suas condições (monetárias)”, acrescentou.

Goldfajn afirmou ainda que a queda do Credit Swap Default (CDS) do Brasil não é um fator, por si só, para baixar juros. A senadora Kátia Abreu, na fase de perguntas da CAE, defendeu que o recuo mais recente do CDS brasileiro já seria motivo suficiente para corte da Selic. “A queda do CDS ajuda na redução do risco, mas não é fator para baixar juros. Nós vamos olhar as expectativas, os fatores que elencamos”, disse Goldfajn, ao comentar o que levará à flexibilização da política monetária.

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