Representantes do setor energético presentes na coletiva de imprensa realizada após o leilão A-3 desconversaram sobre a possibilidade de o governo federal conceder um novo repasse de recursos às distribuidoras. O governo já repassou R$ 11,2 bilhões a essas empresas e a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) já afirmou que o setor necessitará de outro aporte bilionário. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo no mês passado, o presidente da entidade, Nelson Leite, afirmou que havia elaborado um novo pedido no valor de R$ 7,2 bilhões.
“O valor é uma avaliação feita pelas distribuidoras e não saberia informar se é esse”, afirmou o presidente do Conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Luiz Eduardo Barata Ferreira. O executivo da CCEE foi o único presente na coletiva a responder sobre o assunto. Representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) não comentaram. Já a representante do Ministério de Minas e Energia se ausentou no meio da coletiva, antes de ser questionada sobre o tema.
O auxílio inicial de R$ 11,2 bilhões será suficiente para que as distribuidoras liquidem na semana que vem os contratos de compra de energia no mercado de curto prazo referentes ao mês de abril. Em julho, as distribuidoras precisarão honrar contratos referentes ao mês de maio. “Não temos prazo para isso (definição de um novo empréstimo). No dia 9 de junho teremos liquidação referente ao mês de abril e a avaliação que temos é que as distribuidoras vão aportar as garantias que foram chamadas e não deveremos ter qualquer tipo de impacto na inadimplência”, afirmou Barata. A CCEE, segundo o executivo, não participa neste momento de qualquer negociação com bancos para definir um novo empréstimo ao setor.
A despeito do empréstimo bilionário do governo, ainda há uma diferença de R$ 435 milhões a ser desembolsada pelas distribuidoras para honrar os contratos de longo prazo e fazer frente ao pagamento de combustíveis. Apesar do prazo máximo de aproximadamente um mês para que a situação seja resolvida, Barata evitou se aprofundar sobre o assunto. “As distribuidoras vão conversar com a Aneel e o governo, mas não sei sobre qualquer tipo de negociação do governo para tratar a questão”, disse. Perguntado sobre qual seria a melhor alternativa para solucionar o impasse, Barata afirmou que não iria “especular”. “Não é competência minha tratar sobre esse assunto”, resumiu.