Foto: Divulgação |
O "head-hunter" Bernt Entschev: Paraná e diferente. continua após a publicidade |
Não são apenas os relacionamentos amorosos que são marcados por idas e vindas. No campo profissional, também são comuns as despedidas e o retorno algum tempo depois. Pelo menos, é o que revela a pesquisa ?A contratação, a demissão e a carreira do executivo brasileiro -2005?, elaborada pelo Grupo Catho. De um total de 31 mil entrevistados, 29,48% responderam que voltaram a trabalhar para seus ex-empregadores. A pesquisa revela ainda que, quanto maior a hierarquia, mais freqüente o retorno. No caso de diretores, o índice sobe para 37,81%.
Para Thomas Case, coordenador da pesquisa, algumas considerações importantes devem ser feitas a partir dos dados. ?Sempre mantenha contato com seus ex-empregadores e tente cultivar um bom relacionamento, porque provavelmente ?dessa água beberá novamente?, orientou. Outra dica, segundo ele, é, ao procurar um emprego, começar pelos ex-patrões. ?Eles conhecem seus trabalho e seus bons préstimos?, afirmou.
A pesquisa revela ainda que em algumas áreas o retorno à antiga empresa é mais comum. É o caso de consultores independentes – 46,3% dos entrevistados já voltaram a trabalhar com ex-empregadores. Entre professores universitários, a freqüência também é elevada: 40%. Já aqueles que dificilmente retornam são os trainees e recém-formados – apenas 13,5% – e os estagiários (21,6%).
?Não se aplica?
Para o headhunter e presidente do Grupo De Bernt, Bernt Entschev, os dados apresentados pela pesquisa não se aplicam à realidade do Paraná. ?No Paraná, não é nesse volume. Claro que existem readmissões, mas no máximo de 10%?, afirmou, bem abaixo dos quase 30% apontados na pesquisa.
Segundo Bernt, há muitas empresas que têm como política não readmitir funcionários. ?A maioria das empresas gosta de oxigenar. Quando são de boa qualidade, querem a evolução da carreira interna, ou seja, que o funcionário comece, por exemplo, no setor de qualidade, passe pela produção, pelo marketing, até atingir cargos executivos. É o que chamamos de ?job rotation?, explicou.
Para o headhunter, não há inconveniente em voltar a trabalhar para um ex-patrão, mas ele não aconselha. ?Se houve um rompimento, mas foi deixada uma imagem boa, tudo bem. Mas se a pessoa saiu por incompatibilidade ou problema de desempenho, a empresa pode até enxergá-la agora com bons olhos, mas vai ficar o histórico?, disse, acrescentando que as organizações tendem a se renovar. ?Pegar a mesma pessoa significa compartilhar pedaço da mesma história, e isso nem sempre é bom.?
Bernt salienta, porém, que tudo depende da maneira como o funcionário se desligou da empresa. ?A chance de voltar vai depender de como saiu e a imagem deixada. Se todo mundo gostava de você, mas a empresa teve que fazer um corte e por isso te demitiu, é um caso. Mas se era pouco produtivo e deixou uma imagem negativa não vai ser readmitido.? Para Bernt, na pior das hipóteses, a empresa onde você trabalhou vai servir como referência para novos trabalhos. ?De modo geral, as pessoas se comportam da mesma maneira, independentemente da empresa. E quanto mais velho o candidato, mais fortemente a nova empresa vai buscar o seu histórico, saber como agia sob pressão, como participava das reuniões, se era honesto, tinha ética?, afirmou.
De qualquer forma, Bernt acredita que o profissional deve buscar oportunidades em novas empresas e não nas antigas. ?O ideal é partir para novas experiências. As chances de um segundo relacionamento darem certo são muito pequenas?, arrematou.