O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, afirmou nesta quinta-feira, 14, que não é a instituição de fomento que atrapalha o equilíbrio das contas públicas e fez críticas ao pedido de devolução antecipada de parte da dívida com o Tesouro Nacional.

continua após a publicidade

“Não é o BNDES que está escangalhando as finanças públicas”, disse Rabello, em palestra durante seminário promovido pela Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE), no Rio.

continua após a publicidade

Rabello questionou o fato de o banco ter R$ 170 bilhões em caixa, lembrando que o BNDES tem compromissos a cumprir em sua carteira. “Que caixa é esse? De onde vem esse caixa?”, questionou o executivo.

continua após a publicidade

O presidente do BNDES ressaltou ainda que o “banco que cumpre seu dever”, jamais pediu socorro “à viúva”, e sempre tem atendido “à viúva”. “Alguma solução vamos dar, mas não necessariamente essa, do tipo ‘filhinho, mande-me dinheiro'”, afirmou Rabello, numa referência ao pedido, feito pelo governo, para que o BNDES devolva R$ 50 bilhões este ano e R$ 130 bilhões em 2018.

“Na medida prudencial vamos participar desse esforço, porque inclusive o governo merece”, disse Rabello, elogiando a política econômica.

TLP

O presidente do BNDES voltou a fazer críticas, nesta quinta-feira, à Taxa de Longo Prazo (TLP), que entrará em vigor a partir de janeiro de 2018, para substituir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), nos empréstimos da instituição de fomento.

Rabello lembrou que a TLP entrará em vigor para valer em 2022, quando termina o período de transição até que a taxa se equipare às taxas das NTN-Bs de cinco anos. Até lá, podem surgir alternativas.

“A TLP vai entrar em vigor lá por 2022”, disse Rabello, em palestra durante seminário promovido pela Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE), no Rio. “E, no tempo, talvez a gente não vá nem ‘telepiar’. Vou arrepiar e sair fora, fazer uma outra taxa qualquer”, completou Rabello.

A mudança no mercado de crédito, com a introdução da TLP, surtirá pouco efeito se a economia não se recuperar, conforme o executivo. “Próxima taxa disso, próxima taxa daquilo não vai adiantar nada se não retomarmos nossa brasilidade”, afirmou Rabello, após falar em recuperação da confiança e da autoestima.

Segundo o presidente, com a TLP, o BNDES poderá passar a buscar acesso a recursos externos, para emprestar em reais no Brasil. “O banco tenta se reposicionar de forma a trazer recursos os mais baratos possíveis, onde quer que estejam no mundo”, disse Rabello.

SIX

O BNDES está trabalhando para atrair um sócio chinês para a SIX, fábrica de semicondutores construída pelo empresário Eike Batista, da qual a instituição do fomento é sócia. Segundo o presidente do banco, Paulo Rabello de Castro, em viagem à China, uma missão do BNDES manteve encontros sobre isso em Xangai.

“É a primeira empresa de semicondutores abaixo da linha do Equador”, afirmou Rabello.

Segundo ele, a negociação para a substituição de Eike na sociedade depende da aprovação de órgãos controladores.