Os juros futuros atravessaram o último pregão de 2019 em baixa, em linha com o sinal que também prevaleceu no dólar, mas, como esperado para períodos de festas de fim de ano, num ambiente de liquidez limitada. A trajetória descendente que marcou a sessão desta segunda-feira, 30, foi a que deu o tom aos negócios durante todo o ano, em função do ciclo de afrouxamento da Selic, aprovação de reformas econômicas e perspectiva de desaceleração global, mesmo com o câmbio mais depreciado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular em 4,56% e a estendida em 4,54% (mínima), de 4,581% no ajuste anterior. Em meio ao processo de desaperto monetário, desaceleração firme da inflação e ancoragem das expectativas, este vencimento perdeu cerca de 2,5 pontos porcentuais desde o começo de 2019, quando começou em 7,00%. Na ponta longa, também houve forte alívio nos prêmios de risco. O DI para janeiro de 2027 fechou hoje em 6,76% (regular) e 6,78% (estendida), de 6,841% no ajuste de sexta-feira, tendo começado o ano perto de 9% (8,97% em 1º de janeiro). O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 5,79% (regular e estendida), de 5,852% na sexta-feira e 8,10% no primeiro dia útil de 2019, enquanto o DI para janeiro de 2025 terminou esta segunda-feira em 6,43% (regular) e 6,44% (estendida), de 6,492% no ajuste anterior, após 8,64% no começo do ano.
Com o noticiário sem destaques e a agenda de indicadores restrita, foi o comportamento do dólar que norteou a curva a termo, mas com os investidores apenas ajustando posições de fim de ano. “O mercado já está pensando em 2020”, disse um gestor, destacando que hoje as taxas locais foram na contramão das principais curvas no exterior, que abriram. “Mas ainda estão em nível baixo e avançaram por um motivo bom: a melhora na perspectiva de crescimento mundial”, completou.
Diante das dúvidas sobre se haverá ou não mais um corte da Selic na reunião do Copom de fevereiro, as taxas de curto e médio prazo tiveram queda mais branda do que as longas. Para o gestor citado mais acima, ainda que as previsões apontem para forte queda da inflação em janeiro, no atual cenário, “é melhor ficar aplicado no longo e tomado na ponta curta”. “A inflação está assustando, vamos ver se realmente volta em janeiro”, afirma. Os prêmios, diz, ainda estariam bastante atrativos nos vencimentos a partir de 2025. “Os FRAs estão acima de 7,60%, nas operações entre janeiro de 2025 e 2027, janeiro de 2027 e 2029, por exemplo.”
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