Nova York

Na ONU, Lula alerta para ‘recaídas protecionistas’

Em discurso na 64ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu hoje para o fato de que “há enormes resistências em adotar mecanismos efetivos de regulação dos mercados financeiros”. Lula disse ainda que “evitar o colapso total do sistema financeiro parece ter provocado em alguns um perigoso conformismo”. Para o presidente, há sinais inquietantes de recaídas protecionistas no mundo e pouco se avançou no combate aos paraísos fiscais.

Em referência à falência do banco de investimentos Lehman Brothers, ainda que não o tenha citado nominalmente, o presidente brasileiro avaliou que, passados 12 meses, constata-se que “houve alguns progressos”. No entanto, Lula alertou que “persistem muitas indefinições”. “Ainda não há uma clara disposição para enfrentar, no âmbito multilateral, as graves distorções da economia global”, disse para a plateia, formada por representantes dos 192 países que são membros das Nações Unidas.

Lula afirmou que o Brasil propõe “uma autêntica reforma dos organismos financeiros multilaterais”. “Os países pobres e em desenvolvimento têm de aumentar sua participação na direção do FMI e do Banco Mundial.” Sem isso, ponderou, não haverá efetiva mudança, e os riscos de novas e maiores crises serão inevitáveis. Para Lula, somente organismos mais representativos e democráticos terão condições de enfrentar problemas complexos, como os do reordenamento do sistema monetário internacional. O presidente alertou que os países ricos “resistem em realizar reformas nos organismos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial”.

“Não é possível que, passados 65 anos, o mundo continue a ser regido pelas mesmas normas e valores dominantes quando da conferência de Bretton Woods. Não é possível que as Nações Unidas, e seu Conselho de Segurança, sejam regidos pelos mesmos parâmetros que se seguiram à Segunda Guerra Mundial”, disse. O presidente também classificou como “incompreensível a paralisia da Rodada de Doha, cujo acordo beneficiará sobretudo as nações pobres”.

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