Atenção!

Na hora de aplicar o seu dinheiro, não aja como um apostador de loterias

Lee Jin-Man/AP

Para os economistas , não há diferença entre quem aplica o seu dinheiro às cegas em qualquer opção financeira e quem usa o montante em apostas lotéricas.

Atire a primeira pedra quem, nos últimos anos, ao menos uma vez não refletiu sobre investir algum dinheiro em um fundo ou ação vinculada a Petrobras, por conta da lucratividade obtida por um vizinho, colega de trabalho ou amigo? O resultado para quem fez isso entre 2010 e este ano foi uma desvalorização de mais de 40% sobre o capital investido. Mesmo quem conseguiu aproveitar as altas taxas atingidas pelo papel entre 2006 e 2009, atualmente, sente-se ressentido, pois no acumulado de 2006 a 2011, o rendimento nem de longe se mostra tão exuberante, quanto à expectativa de quem investe sem saber suficientemente sobre o investimento escolhido.Para os economistas e consultores de investimento, não há diferença entre quem aplica o seu dinheiro às cegas em qualquer opção financeira, até renda fixa, e quem usa o montante em apostas lotéricas.

“É a velha lógica do apostador de loteria, que entra com poucos recursos para ganhar muito, sem ter muita noção de como se dará essa rentabilidade toda”, avalia o economista do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e professor de Planejamento Estratégico e Mercado Financeiro da Universidade Estácio, Daniel Poit.

Para quem está vivendo a ressaca de um mau investimento, vale estar ciente de que qualquer investidor de sucesso tem no passado episódios de perdas. Nesse sentido, Poit defende que em um cenário econômico de forte oscilação e incerteza, como o atual, as pessoas que querem investir têm uma grande oportunidade de se aprofundar sobre o vasto universo dos investimentos, a fim de driblar os prejuízos. “Quem entrou no mercado de ações seja comprando diretamente ou por intermédio dos fundos, deve se valer da premissa de ter sangue frio e aguardar o mercado sinalizar algum direcionamento”, aponta.

A opinião não é consenso entre os consultores de investimento. Para o assessor de investimentos da corretora Unique Investimentos, Gilberto Lopes, será muito longo o tempo que levará para a recuperação do capital investido por quem comprou em 2010 ações da Petrobras, por meio de um fundo de investimento, e amargou 40% de perda.

Gerson Klaina/O Estado
“É a velha lógica do apostador de loteria, que entra com poucos recursos para ganhar muito, sem ter muita noção de como se dará essa rentabilidade toda”, avalia o economista Daniel Poit.

“Soma-se a isso as taxas de administração e demais encargos que deixarão ainda mais lento o movimento de recuperação do investimento”, acrescenta.  “É o tipo de perda que não se recupera se não for diretamente para ações, já que as outras alternativas, renda fixa, poupança ou os próprios fundos, vão consumir mais de cinco anos para recompor as somas perdidas”, analisa.

O gerente executivo do Itaú Unibanco, Osvaldo do Nascimento, pondera entre os dois caminhos. “Quem tem poucos recursos e um perfil mais conservador, nem deveria ter aplicado em fundos de investimentos, porque apesar de se saber que ações são investimentos de longo prazo, é um investidor que poderá precisar do dinheiro em um período de tempo mais curto, muitas vezes, incompatível com o prazo de recuperação”, comenta.

Para Nascimento, o ideal para quem tem um valor de até R$ 1mil seria diversificar a cesta de investimentos por meio de produtos de estratégia protegida, ou seja, que acompanham o mercado financeiro, mas delimitam um teto de valorização e um piso para a perda. “São investimentos que garantem a quem aplica um capital mínimo, ou seja, protegem parte do valor para que esse tipo de investir não fique refém de uma desvalorização além da conta”.

Contudo, para quem já investiu em um fundo que desvalorizou, Nascimento diz que movimentar a carteira neste momento pode gerar arrependimentos ainda maiores. “A bolsa no Brasil tem potencial de recuperação, já que o país capitalizará com diversos investimentos estrangeiros e a agenda de eventos. Sendo assim, quem perdeu muito, não vai perder tanto se esperar e, se souber aguardar, poderá reaver o investimento”.

O comportamento do fundo Itaú Petrobras Ações ilustra esse movimento do mercado. Tomando R$ 1 mil como valor aplicado e a evolução do fundo ao longo dos últimos cincos anos, tem-se um total de R$ 1.305. Isso porque, em 2006, o fundo acumulou 33,61% de alta; em 2007, 87,6%; em 2008, despencou 44,6%; em 2009, recuperou 49,66%; em 2010, caiu 26,41% e até o fechamento do primeiro semestre deste ano, perdeu mais 14,74%. “É por esse tipo de variação ao qual o mercado financeiro está vulnerável que estamos aprimorando o site outros serviços do banco para promover a educação financeira”, garante Nascimento.

Para não se afundar

Além dos sites de bancos, há vários caminhos para quem decide cuidar melhor do próprio dinheiro e ver o capital render ciente do que está escolhendo. Para o economista Daniel Poit, a própria Bovespa, por meio do site, oferece um rico material para promover a educação financeira dos seus investidores. “É tão bem estruturado o passo a passo do futuro investidor que uso como um dos trabalhos dos meus alunos de mercado financeiro”, aponta.

Outra opção é o conceito de “shopping financeiro” com o qual a Unique Investimentos vem trabalhando. “Utilizamos todas nossa expertise no mercado para reunir uma série de produtos financeiros, incluindo os oferecidos pelos bancos, para prover qualquer investidor de todas as opções independentemente do tamanho do capital e do grau de conhecimento”, assegura Lopes. “O shopping tem por missão melhorar o acesso e as condições de poupança dos brasileiros, ao mesmo tempo em que se mostra interessante para todo o setor financeiro. Tanto que já temos mais de 400 fundos à disposição”, atesta.

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