Municípios disputam poço de petróleo

Ainda não se sabe se a exploração de petróleo no Norte Pioneiro do Paraná é economicamente viável. Mas a disputa pelo poço aberto pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), do qual brotou óleo em vez de água, é grande. O prefeito de Carlópolis, Isaac Tavares da Silva, mandou ofício ao colega da vizinha Joaquim Távora, Wil-lian Walter Ovçar, o Vatão, pedindo que retificasse informações sobre a localização. ?Não interessa se o petróleo vai jorrar ou não, se tem valor comercial ou não. O que interessa é que existe um poço e está em Carlópolis?, afirmou Silva.

Ele juntou documentos para provar que o sítio de Áurea de Oliveira Gomes, que deu permissão para a Sanepar perfurar o poço em 1986, fica no distrito de Ribeirão do Meio. ?Não posso admitir que meu município seja violado em sua soberania de divisa?, acentuou Silva. Todos ainda aguardam análises para saber se haverá interesse na exploração comercial. ?Mas, no momento, nós somos os sheiks?, brincou. Ele fez questão de afirmar que sua amizade com o prefeito de Joaquim Távora não vai se abalar. ?Não tem guerra de jeito nenhum. Somos amigos e povo de paz.?

Do outro lado da divisa, Vatão reconheceu que realmente o poço está em Carlópolis. ?Mas fica próximo da divisa?, ponderou. Por cerca de 600 metros ele perdeu a posse. No entanto diz que, apesar de estar no município vizinho, o poço só existe porque o distrito de São Roque do Pinhal precisa de água. ?Se não fosse pelo meu município, não seria perfurado?, argumentou. Ele ressaltou que somente concedeu entrevistas por ter sido procurado. ?Nossa intenção não é prejudicar Carlópolis, mesmo porque, se houver exploração, será importante para toda a região?, afirmou.

A disputa tem razão de ser. Ambos estão de olho nos royalties caso a exploração se viabilize. Joaquim Távora tem um orçamento mensal de cerca de R$ 500 mil e população de 9,7 mil habitantes, enquanto Carlópolis trabalha com aproximadamente R$ 840 mil por mês para atender 14 mil pessoas. Desse valor, R$ 45 mil já são provenientes de royalties, por ter cedido um quarto de terra para a construção da Represa Xavantes.

Mas o pesquisador do Laboratório de Análises de Bacias e Petrofísica da Universidade Federal do Paraná, Fernando Mancini, que esteve no local para testes com um novo equipamento, não aconselha muito otimismo. ?O histórico da bacia mostra que é difícil ter reservas economicamente viáveis?, disse. ?A probabilidade existe, mas é muito baixa.? Segundo ele, a região possui rocha geradora de hidrocarbonetos, mas não há rocha reservatório, que garantiria a viabilidade econômica.

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