Divididas em dois grupos, centenas de mulheres realizaram hoje diferentes protestos contra as monoculturas, o uso de agrotóxicos, os transgênicos e os incentivos do governo federal ao agronegócio em Triunfo, Porto Alegre e Passo Fundo. Organizadas pela Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Desempregados e Intersindical, as manifestações integram a Jornada Nacional de Lutas que as entidades promovem antes do Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

continua após a publicidade

Na manhã de hoje, cerca de 400 mulheres ocuparam o pátio de estacionamento da Braskem, no Pólo Petroquímico de Triunfo, para protestar contra a fabricação do “plástico verde”, derivado da cana-de-açúcar. Segundo as manifestantes, o produto é tão nocivo quanto seu similar de petróleo por disseminar mais uma monocultura no Estado, intensificar a transgenia, o uso de agrotóxicos e a concentração da propriedade da terra. “Isso inviabiliza ainda mais a agricultura camponesa e gera a expulsão de milhares de famílias da terra”, diz uma nota distribuída pelas manifestantes à imprensa. Há alguns anos, pelos mesmos motivos, a Via Campesina luta também contra as plantações de eucaliptos para a indústria da celulose.

A Braskem também emitiu um comunicado no qual ressalta que não faz parte de seu negócio a produção de cana-de-açúcar e de etanol, que compra de fornecedores do Sudeste do País para produzir o “plástico verde”. A empresa destaca que durante o processo de desenvolvimento da cana-de-açúcar ocorre a captura do dióxido de carbono, contribuindo para a redução do efeito estufa.

Ao meio-dia de hoje, as manifestantes deixaram o pátio da Braskem e viajaram 75 quilômetros até o centro de Porto Alegre, onde encerraram as atividades do dia com um ato público diante do Palácio da Justiça. Nos discursos, criticaram a expansão das florestas de eucaliptos, o possível cultivo de cana-de-açúcar em larga escala no Rio Grande do Sul e a política econômica do governo federal, que, segundo as manifestantes, oferece empréstimos e incentiva grandes projetos ligados ao agronegócio. “Eles financiam o monocultivo enquanto a agricultura familiar recebe migalhas”, afirmou Claudia Teixeira, da coordenação da jornada.

continua após a publicidade

Em Passo Fundo, outro grupo de cerca de 400 mulheres protestou contra o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras de feijão e trigo com uma passeata pelas ruas da cidade.