Em meio às dificuldades de crescimento da economia brasileira, o Banco Central anunciou na manhã desta quinta-feira, 20, duas medidas que, juntas, representam a liberação de R$ 135 bilhões no sistema bancário. Os recursos poderão ser usados pelos bancos para a realização de mais operações de crédito a empresas e famílias, por exemplo, caso as instituições decidam fazer isso.
A primeira medida é a redução da alíquota de recolhimento compulsório sobre recursos a prazo, de 31% para 25%. O compulsório corresponde a um recolhimento, realizado pelo Banco Central, de parte dos recursos dos clientes depositados nos bancos. A partir dele, o BC controla a quantidade de dinheiro em circulação na economia e forma “colchões de liquidez” para momentos de necessidade de recursos pelos bancos.
A redução da alíquota de recolhimento sobre os depósitos a prazo representará a liberação de R$ 49 bilhões no sistema. De acordo com o BC, os efeitos começarão a partir de 16 de março.
A segunda medida diz respeito à redução da parcela dos recolhimentos compulsórios considerados no Indicador de Liquidez de Curto Prazo (LCR) dos bancos. O LCR determina que as instituições devem manter uma reserva mínima de ativos líquidos para absorverem choques em momentos de estresse. Na prática, esta reserva é utilizada em momentos de crise de liquidez, em que os bancos precisam de recursos.
Com a mudança no LCR anunciada nesta quinta pelo BC, outros R$ 86 bilhões serão liberados no sistema. Neste caso, os efeitos começam em 2 de março.
A liberação de recursos para o sistema financeiro não significa, necessariamente, que os bancos vão utilizá-los em novas operações de crédito a empresas e famílias – embora a expansão do crédito costume ser um dos objetivos do BC em medidas assim.
Em reunião com deputados na última terça-feira, em Brasília, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, havia pontuado que, desde sua chegada à instituição, no ano passado, já haviam sido liberados cerca de R$ 20 bilhões em compulsórios. Ele reconheceu, no entanto, que o dinheiro ficou “empossado” nos bancos – ou seja, não foi necessariamente utilizado pelas instituições financeiras em novas operações de crédito.
Campos Neto afirmou, porém, que mais recentemente o BC percebeu que o dinheiro antes empossado estava sendo direcionado para operações de crédito – mais especificamente, para o crédito imobiliário. É justamente o setor imobiliário que vem sendo citado pelo BC como aquele que está liderando a recuperação da economia brasileira.