Em um dia decisivo para o ajuste na política econômica do Brasil, diante do anúncio do corte no orçamento público, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, elogiou as medidas adotadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e destacou a “coesão” do governo em torno das mudanças. Ainda assim, ela alertou para a necessidade de o Brasil promover reformas estruturais para garantir um avanço sustentado nos próximos anos.

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“As mudanças adotadas pelo governo estão no caminho correto”, afirmou Lagarde após o discurso de abertura do segundo dia do XVII Seminário de Metas para a Inflação, promovido pelo Banco Central (BC), no Rio. “A coesão do governo, apoiado por (presidente) Dilma (Rousseff), para enfrentar a questão fiscal é muito importante.”

Ainda antes do anúncio do montante de gastos a ser represado pela equipe econômica, Lagarde referiu-se ao corte orçamentário como uma prova de “coragem política e determinação para entregar a meta prometida”. A postura da dirigente foi de respaldo às medidas adotadas no País em termos de política fiscal e de juros, com elogios a Levy e ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. “É correta a posição do governo de defender superávit primário de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 e 2% do PIB para 2016”, disse.

No curto prazo, as perspectivas para o Brasil são consideradas desafiadoras. A expectativa do fundo é de que a economia doméstica encolha 1% neste ano e tenha uma “modesta recuperação” no ano que vem. “Porém, sendo otimista como sou, em todo desafio eu vejo uma oportunidade para aprender com o passado e construir um futuro melhor”, disse Lagarde.

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Medidas

A responsabilidade fiscal, a taxa de câmbio flexível e o sistema de metas para a inflação são essenciais não apenas para um crescimento sustentado da economia, mas também para preservar ganhos sociais, afirmou Lagarde. Um dia após ter visitado, de teleférico, o conjunto de favelas do Alemão, no Rio, a diretora-geral do FMI citou os programas Bolsa Família e Brasil sem Miséria como “renomados” e “admiráveis”.

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Essas medidas, porém, não são suficientes no longo prazo. Na visão de Lagarde, o Brasil, assim como a América Latina, deveria colocar como uma de suas prioridades os investimentos em infraestrutura e reformas estruturais. Para ela, a infraestrutura inadequada é um dos maiores obstáculos à produtividade em muitas economias da América Latina, inclusive o Brasil. “No Brasil, o programa de concessões de infraestruturas é um passo importante e oportuno, na direção correta. Um aspecto crítico é que o setor privado seja chamado a assumir um papel de destaque.”

Lagarde ainda citou a simplificação do regime tributário brasileiro (com destaque para a reforma do ICMS) e a maior integração comercial com outros países como pontos importantes em que o Brasil deveria trabalhar nos próximos anos.