O aumento da conta de luz proposto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reduz as chances de uma inflação abaixo dos 3% este ano, mas não muda a trajetória do indicador, que deve continuar em desaceleração.

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A medida, apresentada ontem pela Aneel, alterou a taxa extra de R$ 3,50 para R$ 5,00 a cada 100 quilowatt-hora consumidos (kWh). Nos cálculos do economista Leonardo França Costa, da Rosenberg Associados, se essa nova taxa extra for adotada ainda em novembro ela pode elevar a inflação do ano em 0,11 ponto porcentual. “É uma surpresa. Estávamos esperando mais para o início do ano que vem, apesar da situação ruim dos reservatórios”, disse.

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Caso essa bandeira vermelha nível 2 continue vigorando, a projeção do IPCA de 2017 da Rosenberg passaria de 3,1% para 3,2%. Com isso, o item energia elétrica no índice de inflação mostraria taxa positiva de 3,1%, com o IPCA encerrando o penúltimo mês do ano em 0,46%. “A média para o mês desde 1995 está na faixa de 0,64%. Portanto, o quadro de inflação baixa ainda deve prosseguir”, pondera.

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A previsão do economista Bernard Gonin, da Rio Gestão de Recursos, que era de 3,2% este ano passou para 3,3% com a mudança. Gonin pondera que energia elétrica é um risco para a inflação do ano que vem. “Pode ser que tenham de fazer novos ajustes em 2018 na tentativa de melhorar a situação financeira do setor”, afirma.

O encarecimento da bandeira vermelha patamar 2 e sua possível manutenção na conta de luz em novembro diminuem as chances de a inflação oficial fechar em 3%, na avaliação do economista Flávio Serrano, do Haitong Banco de Investimento do Brasil. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central é de 4,5% ao ano. O economista afirma que ficar abaixo do patamar dos 3% não é impossível, uma vez que o quadro de inflação está bastante favorável e que pode haver novas mudanças de bandeira até o fim do ano. “A bandeira pode ser mantida em nível 2 em novembro, mas se mudar para patamar 1 em dezembro, já teria alívio de 0,14 ponto porcentual na inflação”, diz. Serrano projeta, atualmente, 3,10% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e diz que, caso a bandeira vermelha 2 seja mantida em novembro, a estimativa pode subir para cerca de 3,20%.

O economista do Haitong pondera, contudo, que caso a projeção para inflação deste ano seja elevada, não há riscos inerciais para o ano que vem. “A inércia para o ano que vem continua baixa, a preocupação para 2018 é o sistema hídrico continuar piorando e ter de mudar novamente o custo das bandeiras e majorar os reajustes anuais das empresas”, diz.

“A energia deve ser ponto de preocupação e de monitoramento em 2018, ainda mais que a expectativa para ano que vem é de crescimento econômico. A indústria depende de bastante energia, mas ausência de chuvas só prejudicaria a atividade econômica se houver racionamento”, diz, completando que esse não é o cenário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.