O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do Pará (MP-PA) recomendaram a suspensão de qualquer licença ou autorização para a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) realizar estudos referentes à construção de hidrelétricas na bacia do Rio Trombetas, no Pará. Os representantes públicos alegam que técnicos a serviço da EPE convidaram apenas uma comunidade quilombola localizada às margens do rio para uma reunião sobre inventário hidrelétrico do Trombetas. Eles defendem que todas as comunidades quilombolas e ribeirinhas que vivem na região sejam consultadas.

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A recomendação dos ministérios foi enviada à Secretaria de Meio Ambiente do Pará (Sema) com o objetivo de suspender as atividades da EPE no Rio Trombetas. A EPE, segundo o MPF, apresentou à comunidade consultada um cronograma para construção de uma hidrelétrica no Trombetas até 2021.

“Para realizar pesquisas, as autoridades devem antes cumprir a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e realizar consultas efetivamente prévias com as comunidades”, defendem o MPF e o MP-PA. “O trabalho da EPE na região atinge, além das comunidades quilombolas em processo de titulação, povos indígenas e unidades de conservação”, complementa comunicado do MPF.

De acordo com os ministérios, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes (ICMBio) também receberam recomendação para se absterem de emitir qualquer autorização futura.

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No ano passado, os dois órgãos, além da Sema, já haviam atendido recomendação do MPF de suspender as licenças e autorizações para pesquisas minerárias na região do Trombetas.