O deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, afirmou nesta terça-feira que os portuários vão entrar em greve na quinta-feira, 9, caso não tenham demandas contempladas na votação da Medida Provisória nº 595, a MP dos Portos. De acordo com ele, o relatório sobre a MP não traz garantias para os trabalhadores.

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“Estamos fazendo um acordo para que se vote um texto que garanta esses trabalhadores nos portos privados que virão pela frente. Se isso não for aprovado, a gente para os portos na quinta-feira por tempo indeterminado”, disse o deputado, que completou que a paralisação, caso ocorra, pode durar de um a dois meses. Para Paulinho, que também é presidente da Força Sindical, a atual redação do texto resultará na demissão de trabalhadores portuários.

Sem um acordo entre os principais partidos da base aliada do governo, a MP dos Portos entra na pauta do plenário da Câmara nesta quarta-feira, 8, sob o risco de não ser votada ou de ter o texto desfigurado. Nos dois casos, o cenário é de derrota para o governo Dilma, que tem na medida uma das apostas para destravar o setor portuário do País. O texto vem sendo discutindo nos últimos seis meses pelos parlamentares e técnicos do Executivo e teve como relator na Comissão Especial o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM).

“Acho que está havendo uma pressão para se fazer modificações além daquelas que já foram produzidas no parecer do relator Eduardo Braga”, disse o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), após se reunir com os líderes partidários na Casa. Segundo ele, a tendência é que o governo não ceda a mais nenhuma alteração no texto. “Tudo aquilo que o governo pôde acordar, com referência aos trabalhadores, à organização dos portos, acho que o governo já chegou onde podia”, afirmou o petista.

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Terminais privados

Apesar do posicionamento do líder do governo contra mudanças, o líder do PMDB na Casa, deputado Eduardo Cunha (RJ), deverá apresentar quatro emendas durante a votação que alteram a MP. Uma delas estabelece a licitação nos portos para terminais privados. O governo estabeleceu para esses terminais o processo de chamamento público, avaliado como pouco transparente pelo líder. Ele também quer definir o prazo de concessão nesses casos em 25 anos, prorrogáveis por mais 25.

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“Queremos licitação para tudo”, disse Cunha. Além disso, o líder pretende manter a validade de alguns pontos da Lei 8.630/1993, antigo marco regulatório do setor, que deve ser revogada com a aprovação da MP 595. “Aquilo que não foi modificado pela MP deve continuar valendo”, afirmou.

Junto com o PMDB, outros dois partidos da base – PDT e PSB – também devem dificultar a votação nesta quarta. No caso desses dois últimos, em razão de defenderem mudanças na proposta que beneficiem os trabalhadores dos portos. “Se forem para o confronto, vamos resistir e defender o texto original”, disse o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE). Apesar de um cenário conturbado, o petista afirmou que haverá votação “doa quem doer”.