Moveleiros batalham redução de custos

Os seguidos aumentos das matérias-primas levaram os empresários dos maiores pólos fabricantes de móveis do País a encaminhar um documento aos fornecedores de insumos, placas de aglomerados e MDF, no qual solicitam uma revisão nos preços dos produtos. O ofício, assinado pela Abimóvel (Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário), suas associações e sindicatos, tem por objetivo evitar uma crise no setor. No final de agosto, as indústrias de móveis efetuaram um repasse médio de 7% nos preços ao consumidor. “Os fabricantes já falam em novo aumento de 7 a 10%. É isso que queremos amenizar”, explica Domingos Rigoni, presidente da Abimóvel.

“Estes aumentos estão onerando de forma muito acentuada o setor, composto principalmente por pequenas e micro empresas, que já está passando por uma situação difícil devido à situação instável da economia, tanto a brasileira quanto a internacional”, expõe Rigoni no documento aos fornecedores. “O poder aquisitivo dos consumidores tem sido achatado. Se aumentarmos os preços, não vamos vender e será pior para toda a cadeia mobiliária. Vender com preço sacrificado é ruim, mas é melhor do que não vender”, considera.

O motivo da elevação da matéria-prima, iniciada em agosto e agravada no final de setembro, é a disparada do dólar. Vários produtos usados pela indústria moveleira têm componentes importados. Como o câmbio favoreceu as exportações, alguns fabricantes também não estão conseguindo atender o mercado interno. “É o caso do papelão, com aumento de preço de 60%”, cita Rigoni. “Há grande risco de falta do produto no mercado interno em outubro”.

A segunda maior alta de insumos para a indústria mobiliária ocorreu com produtos químicos (30%), enquanto as chapas de madeira, aglomerados e MDF acumulam incremento de quase 20% desde agosto. “O problema maior é a possibilidade de novos aumentos, dependendo do resultado das eleições e da continuidade do dólar alto”, aponta Rigoni.

Perspectivas

A projeção inicial da Abimóvel para 2002 era ampliar entre 5 e 10% o faturamento de R$ 9,68 bilhões obtido no mercado interno em 2001. “O primeiro semestre foi igual ao do ano passado. Tradicionalmente, no segundo semestre o setor moveleiro vende 20% a mais que no primeiro, o que não aconteceu no ano passado por causa do racionamento de energia, crise argentina e atentados nos EUA. Nesse ano, houve uma pequena recuperação em agosto e setembro, depois de um longo período de vendas fracas”, historia o empresário. “Se não houver um choque no mercado após as eleições, a previsão de crescimento está mantida”.

Embora o dólar alto beneficie as empresas exportadoras, elas são minoria no segmento de móveis. Num universo estimado de mais de 40 mil empresas, que geram cerca de 2 milhões de empregos, 460 exportam. A Abimóvel projeta crescimento de 10% nas exportações brasileiras de móveis esse ano, em relação aos U$ 483 milhões registrados em 2001. De janeiro a agosto, as exportações somaram U$ 339.331, 6,15% superiores ao mesmo período de 2001. Por outro lado, as importações caíram 27,13%, de U$ 80.046 para U$ 58.326.

“Há um número crescente de fábricas colocando seus produtos para fora. Eram 190 empresas em 99, esse ano já são 460. As vendas para o mercado externo crescem lentamente, mas com a ampliação do número de empresas, aguardamos um crescimento no volume a médio prazo”, diz Rigoni. O maior mercado importador de móveis brasileiros é os EUA, seguido de Europa e Mercosul. “Nesse ano, perdemos um grande mercado que era a Argentina”, relata o presidente da Abimóvel. De janeiro a agosto de 2001, a Argentina comprou U$ 47,672 milhões de móveis do Brasil. Em 2002, no mesmo período, foram U$ 4,855 milhões.

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