Com a eleição de um novo presidente para a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), aumenta a expectativa do empresariado do Estado em relação aos rumos que a entidade deve tomar quando a nova diretoria assumir, no dia 3 de outubro. Por isso, já em seu primeiro dia após ser eleito, o novo gestor, Edson Luiz Campagnolo, tratou de tranquilizar a categoria, afirmando que vai trabalhar a favor do desenvolvimento do Estado, buscando a valorização da matéria prima e dos produtos locais em âmbito nacional. Para ele, as principais cadeias produtivas que merecem atenção da Fiep seriam a moveleira e a do trigo.
“O Paraná tem uma grande cobertura florestal replantada destinada à fabricação de móveis, mas essa matéria prima abundante acaba indo para outros estados com polos moveleiros e voltam para cá com um valor agregado muito maior. O mesmo acontece com o trigo. Então, precisamos incentivar a expansão desses setores com novos investimentos”, comenta.
Para ele, é necessário que a Fiep esteja atenta aos mercados emergentes para colaborar com o desenvolvimento industrial no Estado, mas “sem desprezar nenhum segmento da cadeira produtiva”. O novo presidente da entidade ainda destaca o setor automotivo da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e a cadeia da erva mate como áreas a serem exploradas pela Fiep.
No entanto, apesar de o Paraná contar com importantes setores industriais em expansão, Campagnolo acredita que o Estado ainda precisa melhorar sua infraestrutura para que esse desenvolvimento seja completo. “O estado precisa rever esses gargalos na infraestrutura para poder contribuir com o setor industrial, mas a Fiep mesmo pode ajudar nesse processo, mobilizando entidades para capitalizar verbas para projetos de ferrovias, rodovias e aeroportos”, explica. Para ele, o ideal seria que o Estado criasse um “banco de projetos” para que, junto com a Fiep, pudesse buscar investidores e viabilizar as obras por meio de parcerias público-privadas.
Para isso, Campagnolo garante que o governador Beto Richa (PSDB) já sinalizou que tem interesse em se aproximar da direção da Fiep e participar de projetos que beneficiem o desenvolvimento do setor. “Beto já mostrou que está disposto a ser nosso parceiro e isso é importantíssimo porque precisamos retomar o espaço que perdemos durante o governo de Roberto Requião, que tinha uma postura desfavorável para o setor industrial por privilegiar o agronegócio”, avalia. Segundo ele, durante os oito anos em que Requião (PMDB) esteve à frente do governo do Paraná, o estado perdeu muitas indústrias, que preferiram se instalar em outras localidades por não conseguirem benefícios em negociações com o ex-governador.
Campagnolo, no entanto, diz que não é possível mensurar quanto o Estado pode ter perdido, pois apesar de não privilegiar o setor industrial, Requião beneficiou outros, como as micro e pequenas empresas. “Talvez o Paraná nem tenha perdido tanto porque o Estado avançou em algumas questões e perdeu em outras, e, por isso, talvez a gente tenha ficado empatado, mas se ele (Requião) tivesse olhado com bons olhos outros segmentos, como olhou para o agronegócio, poderíamos estar em uma situação melhor”, analisa.
Outras ações
A primeira providência que Campagnolo pretende tomar quando assumir o cargo de presidente da Fiep, em outubro, é propor uma discussão a respeito da necessidade de atualização do estatuto da entidade. “O estatuto da Fiep não é tão moderno e precisa de alguns ajustes dentro do novo Código Civil brasileiro. Algumas questões a serem discutidas são o peso das entidades nas eleições e, principalmente, a reeleição”, afirma. Apesar do interesse do novo presidente da entidade em propor essa discussão, ele ressalta que essas decisões não serão tomadas por ele, mas pelo conselho representativo e pelos sindicatos que compõem a Fiep.
Entre as principais metas dessa nova gestão, Campagnolo cita a aproximação com os governos estadual e federal e o acompanhamento das atividades do setor, principalmente em relação à geração de empregos e às negociações entre empresas e trabalhadores. Ele afirma que tem acompanhado as últimas movimentações a respeito do assunto, principalmente a respeito da recente greve da Volkswagen, quando os empregados da fábrica de Curitiba tiveram conquistas salariais significativas, e acredita que as empresas precisam tomar cuidado para que, na ânsia de conceder benefícios aos trabalhadores, acabe se prejudicando.
“É claro que precisa haver uma aproximação do setor industrial com os trabalhadores, mas os empresários também não podem ser irresponsáveis. É preciso ter consciência de que não se pode conceder mais do que possível, pois não podemos matar a ‘galinha dos ovos de ouro’ e inviabilizar os negócios com esses benefícios”, comenta.
Campagnolo ainda promete a abertura de novas vagas em cursos de qualificação de mão de obra no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). De acordo com ele, essa entidade consome cerca de 40% do orçamento da Fiep, que gira em torno de R$ 450 milhões. Outros 50% ficam com o Serviço Social da Indústria (Sesi) e os 10% restantes com a própria Fiep.
