O presidente da República em exercício, general Hamilton Mourão, disse nesta quarta-feira, 11, que “todo o desgaste prematuro” sobre a criação de imposto nos moldes da extinta CPMF “não leva a nada”.
“Tudo vai ser discutido no Congresso. Se o Congresso quiser, vai ocorrer, se não quiser, não vai correr. Acho que a gente se desgasta prematuramente em alguns assuntos”, disse Mourão.
A fala do general ocorre após o economista Marcos Cintra ser exonerado do cargo de secretário da Receita Federal em meio a discussões sobre o governo propor a criação do imposto.
Mourão afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu exonerar Cintra. Segundo o general, o presidente “não tem nenhuma decisão” sobre a criação do imposto, mas “não é fã” da medida.
O general disse que a discussão se tornou pública antes de passar por Bolsonaro, o que teria motivado a saída de Cintra do governo.
Mourão disse que se encontrou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, antes de Bolsonaro decidir sobre a demissão. “Ele (Guedes) compartilhou a angústia com essa situação. Eu disse: vamos aguardar a decisão do presidente”, afirmou Mourão.
O general disse considerar Cintra “extremamente comprometido, competente”. “Cada um que tem as suas ideias tem de as defender. Até a ‘decisão do decisor'”, afirmou Mourão.
Mais cedo, Bolsonaro escreveu nas redes sociais que o ministro Guedes exonerou, “a pedido”, Cintra por “divergências no projeto da reforma tributária”. O presidente disse ter determinado que fique fora do projeto para reforma tributária “a recriação da CPMF ou aumento da carga tributária”.
Segundo apurou o Estado, a permanência de Cintra se tornou insustentável diante das reações negativas do Congresso à antecipação da proposta de criação da contribuição sobre pagamentos (CP), com alíquotas de 0,2% e 0,4%, pelo secretário-adjunto da Receita, Marcelo Silva. A alíquota foi antecipada pelo Estado no dia 22 de agosto.