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Morumbi tem metro quadrado mais barato que Butantã

De um lado, o Palácio dos Bandeirantes, o Hospital Albert Einstein, o Estádio Cícero Pompeu de Toledo. Do outro, a Cidade Universitária, o Instituto Butantan e diversos museus. São os bairros Morumbi, zona sul, e Butantã, zona oeste.

Apesar de serem contíguos, os distritos são marcados por diferenças, mas ambos têm seus atrativos para quem deseja morar na região. O primeiro é conhecido pelo alto poder aquisitivo, com suntuosas casas e edifícios, embora tenha suas disparidades. O segundo, por sua vez, é creditado como bairro de estudantes universitários e detentor de imóveis com preços considerados acessíveis.

Nos últimos dois anos (2015 e 2016), foram lançadas 2.595 unidades no Morumbi, enquanto no Butantã foram 1.028, segundo dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). Do total das novas unidades oferecidas ao mercado no Butantã, 584 eram de dois dormitórios e 444, de três. No Morumbi, foram 160 apartamentos de um dormitório, 1.389 de dois, 686 de três e 360 de quatro ou mais.

Sem euforia. O presidente da Embraesp, o engenheiro Reinaldo Fincatti, lembra que o número de unidades lançadas ainda é baixo em comparação aos anos de maior euforia do mercado imobiliário – e da economia.

O preço médio por metro quadrado de área útil destes lançamentos mostra que o Butantã é mais caro que o Morumbi: R$ 7.024,15 contra R$ 6.780,71 – uma diferença de R$ 243,44, de acordo com a empresa.

Tendo área útil de 52,34m² e dois dormitórios no Butantã, a residência sai por R$ 342.827,10 – mais caro R$ 37.302,62 que o vizinho, Morumbi, que tem área útil de 51,69m² e vale R$ 305.524,48.

Historicamente, o Morumbi foi e ainda é preenchido por discrepâncias – como um prédio de elevadíssimo padrão com piscinas em cada andar ao lado da segunda maior favela da capital paulista, a Paraisópolis. É, também, “sede” de uma das residências mais icônicas da cidade: a Casa de Vidro, construída em 1951 por Lina Bo Bardi, situada na rua Gen. Almério de Moura, número 200. A arquiteta ítalo-brasileira também projetou o Museu de Arte Moderna (Masp).

A Secretaria de Urbanismo e Licenciamento da Prefeitura de São Paulo informa que há cerca de 56 mil pessoas morando no bairro, que possui área verde de 8 milhões/ m² – uma característica que conquistou o arquiteto Valmir Araújo, de 42 anos.

Antes, morando nos Jardins, ele conta que se sentia sufocado com a visão de prédios e mais prédios. Hoje, é diferente. “Eu olho para a minha janela e vejo verde, tenho espaço para respirar um ar mais limpo”, afirma Araújo. Ele mora há dez anos em um apartamento de 86 m² de um dormitório com Leonardo – um golden retriever.

Segurança. O arquiteto reconhece que o bairro possui problemas como a segurança pública e o trânsito, mas, segundo ele, é um contratempo do município. “Eu sei que existe muita violência aqui no bairro, que há muito assalto em algumas ruas específicas”, conta. “No entanto, aqui há shoppings, mercados e pontes novas (sobre o Rio Pinheiros) e ainda existe áreas verdes e cara de bairro tranquilo”, diz o arquiteto.

Dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que foram registrados 326 boletins de ocorrência de roubo e 280 de furto neste trimestre, indicando uma queda nos números, se comparados ao mesmo período do ano passado, quando houve 338 roubos e 325 furtos no 89º Distrito Policial (Morumbi).

A gerente de marketing do portal Moving Imóveis, Amanda Mozena, afirma que os dois bairros são autossuficientes: “Eles têm shoppings, boas escolas, hospitais, parques, mercados, academias e vias importantes da capital”, conta. O Butantã possui metrô e terminal de ônibus. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) prometeu para 2018 duas estações na região: Morumbi e Vila Sônia.

O bairro foi o mais buscado pelo público em comprar ou alugar, no portal Moving em 2016, de acordo com Amanda. “O valor dos imóveis continua o mesmo, o que mudou foi a tipologia. Hoje é possível encontrar além de unidades de altíssimo padrão, apartamentos mais compactos.”

A tranquilidade e a variedade de atividades culturais e de lazer do distrito do Butantã fez com que o radialista Rafael Pimentel, de 34 anos, nunca saísse de lá. Ele morou a maior parte de sua vida no Jardim Adhemar de Barros e, há um ano, está de casa nova, de 80m² de um dormitório, no Jardim Bonfiglioli, bairro vizinho.

“É muito bom morar aqui, porque é próximo da USP, onde há várias coisas, até mesmo para quem não estuda lá. Existem diversos eventos culturais. E a região também tem boas opções gastronômicas”, afirma.

O bairro é conhecido pelas atividades do Instituto Butantan, criado em 1901, e da Universidade de São Paulo, com 83 anos de funcionamento. Existem quatro museus ligados ao instituto e seis à USP.

Há também, no bairro universitário, a Casa do Sertanista: uma residência remanescente do período dos Bandeirantes, erguida com paredes de taipa de pilão, telhado de quatro águas e chão de terra batida.

Construída no século XVII, já foi habitada pelo padre Belchior de Pontes e pela família Penteado. Existe também, perto da USP, a Casa do Bandeirante – patrimônio histórico municipal tombado em 1982. Segue a mesma linha do período bandeirista, com 350 m² divididos em 12 cômodos.

Em relação à violência, Pimentel tem o mesmo pensamento do morador do Morumbi, Valmir Araújo. “A cidade de São Paulo é assim, não é apenas um ou outro bairro violento e, sim, em todas as regiões”, diz Araújo. “Eu nunca fui assaltado, mas sempre escuto relatos de pessoas que foram e tiveram suas casas invadidas. Mas eu não sairei daqui por este motivo”, declara o radialista.

A Secretaria de Segurança Pública informa que neste trimestre 513 pessoas foram roubadas e 509 furtadas, representando um aumento de 219 casos de violência no bairro, se comparado ao mesmo período de 2016, quando houve o registro de 437 roubos e 366 furtos.

Nos dois bairros, persiste a dificuldade para as construtoras reduzirem o nível de estoque de imóveis. Segundo dados do portal imobiliário VivaReal, no Morumbi há 879 unidades que representam 42% do total lançado desde 2014. No Butantã, são 871, 32% do total colocado no mercado no período.

Para o dirigente da Embraesp, o problema só vai se resolver totalmente com retomada da economia com estabilidade no emprego e a redução da taxa de juros.

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