O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta sexta-feira a criação de uma nova instituição financeira internacional para administrar o pacote de US$ 1,1 trilhão anunciado ontem pelo G20 para reativar a economia mundial.
Segundo ele, a nova entidade poderia estar ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) e seria uma alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). “Existem dois caminhos: ou estas instituições (FMI e Banco Mundial) passam por uma revolução ou uma nova é criada”, disse. O presidente indicou ainda que seria necessário “convocar uma reunião de chefes de Estado” para discutir a ideia.
Segundo ele, caso não haja nenhuma mudança nas entidades já existentes, o repasse de US$ 1,1 trilhão seria o mesmo que “entregar dinheiro ao lobo e deixar que o lobo cuide das ovelhas”.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que faz visita oficial ao Irã, também questionou a injeção de recursos no FMI. Para ele, “dar dinheiro ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial será como dar carne aos abutres”.
Em Teerã, ao lado do presidente Mahmoud Ahmadinejad, Chávez inaugurou nesta sexta-feira uma instituição financeira binacional e concedeu uma entrevista por telefone à emissora estatal de televisão da Venezuela.
Durante a conversa, questionado sobre os resultados da Cúpula do G20, ele afirmou que a reunião “não foi outra coisa além de uma saudação à bandeira”, dando a entender que, na prática, tratou-se de uma formalidade inútil. O presidente também questionou a possibilidade de adotar medidas contra os paraísos fiscais, iniciativa também acordada ontem pelo G20.
Para ele, os paraísos fiscais “continuarão a funcionar” e o segredo bancário seguirá existindo, já que são “dois fatores que servem à especulação financeira, ao narcotráfico e ao crime organizado”.