A agência de classificação de risco Moody’s afirmou hoje que os fundamentos de crédito do Brasil validam a posição do rating (nota) soberano na parte mais elevada da margem Baa, além de uma suscetibilidade moderada do País a eventos de risco financeiro. A Moody’s anunciou hoje elevação do rating do Brasil de Baa3 para Baa2.

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Segundo a Moody’s, a solidez econômica elevada provém da base de produção e exportação ampla e relativamente diversificada. “A manutenção das políticas do governo, assim como a estrutura da dívida brasileira, associadas à taxa de câmbio moderada, rolagem e risco de juro, são elementos integrais do desempenho do crédito soberano”, afirmou a agência. “Nossa expectativa básica é de crescimento econômico relativamente favorável e mais sustentado”.

A agência ponderou que esses tributos favoráveis de crédito são contrabalançados pelas evidências recentes de crescimento rápido do crédito, aumento das pressões inflacionárias e sinais de superaquecimento. Mas, acrescenta a Moody’s, “os esforços das políticas do governo para amenizar essas condições, até o momento, têm sido eficientes na mitigação de riscos potenciais de crédito”.

“Por meio de uma combinação de medidas fiscais e monetárias, as autoridades estão no processo de neutralizar as condições que causaram o superaquecimento da economia. Embora seja cedo para dizer que as atitudes recentes serão suficientes, parecem fortemente comprometidas em enfrentar o problema e conter seu impacto com medidas adicionais, se necessário”, destacou a entidade.

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A agência diz também que a resistência da economia aos choques adversos continua a ser sustentada por um elevado nível de reservas internacionais, taxa robusta de capital dos bancos, e por uma estrutura de dívida do governo com limitada exposição à moeda estrangeira e reduzida participação de não residentes.

A Moody’s aponta ainda, para justificar a elevação, aos registros de administração eficiente das políticas em condições adversas, “o que oferece uma importante sustentação ao rating soberano do Brasil”.

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“As diretrizes orçamentárias que incorporam projeções fiscais de médio prazo para o período de 2012 a 2014 representam um importante avanço para o processo orçamentário de vários anos. O comprometimento com a meta de superávit primário de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) durante o mandato de quatro anos da atual administração – que está implícita nas atuais ação de rating – deve dar suporte à tendência de queda nas taxas de dívida do governo”.

Bolha

Ao comentar a elevação do rating brasileiro, a Moody’s notou que o atual crescimento do crédito tem dominado as discussões relacionadas às perspectivas econômicas do País nos meses recentes. Mas a agência considera que mesmo que “um evento do tipo bolha se materializasse, seu impacto sobre o balanço do governo não deve ser substancial”.

Segundo sua avaliação, a elevada taxa de capital dos bancos brasileiros oferece uma “firme” primeira linha de defesa contra tal evento, “reduzindo significativamente a necessidade de suporte financeiro oficial (do governo)”, e a baixa taxa do crédito em relação ao PIB implica que, comparado aos países europeus que experimentaram bolhas de crédito, a potencial magnitude de um evento de crédito sistêmico seria consideravelmente inferior”.