A agência de classificação de risco Moody’s divulgou relatório em que aponta para o fato de que a desvalorização do real ante o dólar representa um peso maior para as dívidas atreladas à moeda norte-americana de governos estaduais e municipais do Brasil. A agência diz que, na segunda-feira passada, o real se desvalorizava 43% em 2015 ante o dólar e caía 72% nos últimos 12 meses.

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A Moody’s diz que muitos governos estaduais e municipais do País emitiram dívidas denominada em dólar, para financiar projetos de infraestrutura, ou têm uma parte de suas dívidas internas indexadas à moeda norte-americana. Com isso, a queda do real ante o dólar é negativa para o crédito dessas administrações, já que eleva o valor nominal e o custo das dívidas.

A agência aponta que o efeito da queda do real “será crítico para o Estado de Minas Gerais”, por causa de seu alto nível de endividamento. Minas Gerais é o Estado mais endividado no Brasil entre os que a Moody’s classifica, atrás apenas do Rio Grande do Sul (sem avaliação da Moody’s). O endividamento em dólar de Minas avançou para 22% do total em 7 de setembro, de 17% no fim de 2014. A maioria da dívida em dólar foi contraída entre 2012 e 2013, com instituições estrangeiras como o Banco Mundial e o Credit Suisse. A agência prevê que Minas Gerais não conseguirá sanar rapidamente seus desequilíbrios fiscais, levando a déficits substanciais neste ano e no seguinte e a uma maior deterioração das métricas de crédito, atualmente posicionadas no lado “fraco” da categoria de rating Ba1.

No caso de São Paulo (Baa3, com perspectiva estável), a agência diz que o Estado tem endividamento relativamente alto, mas sofreu um efeito menor da desvalorização, pois apenas 9% de suas dívida é denominada em dólar ou indexada à moeda. “Nós esperamos que São Paulo compense o declínio controlando suas despesas, preservando de alguma maneira sua posição de liquidez”, afirma a Moody’s.

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Por outro lado, o Estado do Maranhão, com 49% de sua dívida indexada ao dólar, e cidades como Belo Horizonte, com 37%, e Rio de Janeiro, com 28 de sua dívida atrelada à moeda norte-americana, têm a maior exposição à moeda estrangeira entre os que recebem ratings da Moody’s. Por outro lado, o trio tem patamares mais baixos de endividamento. No caso do Maranhão, a taxa de endividamento líquido ante as atuais receitas está em 41%, no de Belo Horizonte está em 35% e do Rio de Janeiro, em 54%, segundo a agência.