A qualidade do crédito nas empresas não financeiras do Brasil deve continuar estável nos próximos 12 meses, afirmou a agência de classificação de risco Moody’s, em relatório divulgado nesta terça-feira, 23. Segundo a Moody’s, a depreciação do real e a liquidez corporativa adequada devem ajudar a mitigar o fraco crescimento econômico do país e a alta da inflação.
“Apesar de o fraco crescimento e alta inflação possivelmente pressionarem a performance operacional de muitas empresas no próximo ano, seus níveis adequados de liquidez vão ajudá-las a superar a volatilidade econômica e do mercado”, disse a analista da Moody’s Bárbara Mattos.
Ela alerta, porém, que a recuperação econômica do Brasil enfrenta alguns riscos. Apesar de as previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2% a 2,5% em 2013 e 3% em 2014 serem uma melhora em relação ao crescimento de 0,9% no ano passado, as expectativas têm gradualmente se deteriorado. O relatório destacou ainda que os recentes protestos no País podem reforçar as percepções negativas do mercado.
Segundo a agência, a depreciação do real vai ajudar os exportadores brasileiros nos próximos meses, tornando seus produtos mais competitivos e aumentando suas receitas em moeda local. No entanto, companhias com dívida significativa denominada em dólar verão seus níveis de alavancagem subir.
Mattos afirmou que a crescente capacidade de produção e a reduzida demanda da China farão com que os preços das commodities caiam ou se mantenham estáveis no Brasil. “Os preços mais baixos vão beneficiar as companhias com entradas de commodities, como frigoríficos, mas vão prejudicar aquelas do setor de açúcar e etanol, metais básicos e celulose”, disse a analista, acrescentando que a depreciação do real deve mitigar em parte esse impacto.
A Moody’s afirmou também, em seu relatório, que o acesso das empresas brasileiras aos mercados de capitais pode se apertar devido às incertezas sobre o crescimento econômico do País e sobre taxas de juros ao redor do mundo. “Apesar de termos perspectivas estáveis para 74% das empresas não financeiras do Brasil, 20% dos emissores brasileiros enfrentam pressões de perspectivas negativas ou revisão para possível rebaixamento”, disse Bárbara.