Uma alta movida pela emoção. Em linhas gerais, o movimento de valorização do dólar verificado nesta semana, com picos acima de R$ 1,90, já demonstraram no fechamento desta sexta-feira (23), a R$ 1,84, que não existem fundamentos que sustentem a alta por muito tempo. Na verdade, toda a incerteza sobre o futuro das economias em crise na Europa fez com que o capital especulativo migrasse para a moeda com maior liquidez mundial e, segundo os especialistas, essa montanha russa na cotação do câmbio deve seguir até o final do ano.
É tão grande a certeza de que o comportamento da moeda norte-americana reflete um mercado ainda sob os efeitos do trauma da crise de 2008 que, entre os profissionais que integram o Instituto de Comércio Exterior do Paraná (Cexpar), a aposta é de que o dólar encerre 2011 entre R$ 1,65 e R$ 1,70. “O que vimos esta semana foi um susto decorrente de um mercado amedrontado com a crise de diversas economias europeias”, avalia o presidente do Cexpar, Neri Becchi Dal Prá. “
Em um cenário de incertezas quanto aos rumos da economia mundial, o dólar se mostra como um ativo mais seguro, devido à sua enorme liquidez. Mas não há fundamentos que sustentem uma tendência de alta”, explica a economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Gilda Bozza.
Para o assessor de investimentos da AGLI – Investimentos, Ubirajara Rosado, todo o esforço do Banco Central em amenizar a disparada do dólar sinaliza que, além da fragilidade dos motivos que levaram à alta do câmbio, a política econômica não pretende abrir brecha para que o dólar atinja outro patamar de valor. “A segunda-feira será decisiva no que tange ao comportamento do dólar daqui para frente, mas pelo que foi mostrado até agora, o Banco Central pretende usar toda a gordura acumulada durante o longo período de desvalorização do dólar para evitar que o câmbio suba e com isso gere mais inflação”, analisa.
A alta variação na cotação do dólar até agora, porém, vai se refletir em perdas e ganhos para quem tem dívidas parceladas em dólar ou não consegue fazer estoques devido ao tipo de produto. “Frutas importadas, por exemplo, acompanham a variação. Mas, no geral, o poder de compra dos brasileiros será mantido”, comenta o presidente do Cexpar.
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