Montadoras trabalham a todo vapor no Paraná

O Paraná pode atingir o recorde de 400 mil veículos (carros, caminhões e ônibus) produzidos em 2010. No primeiro semestre deste ano, houve um crescimento de 25,34% no volume de produção das montadoras paranaenses, em comparação ao mesmo período de 2009, chegando a 204.219 veículos (carros, caminhões e ônibus). No mesmo período do ano passado haviam sido fabricados 162.935 autoveiculos. O índice supera o aumento médio nacional, que atingiu 19,43%. A maior quantidade de veículos já produzida no Estado foi de 370.500 unidades, em 2008. A produção de 2009 atingiu 350.678 veículos.

A produção de automóveis de passageiros e uso misto aumentou 20,90%. Foram produzidos 186.612 automóveis. Em volume de produção o destaque é para a Volkswagen, com 106.064 veículos, seguida pela Renault que produziu 77.007 e a Nissan com 3.541. Por ordem de variação o destaque é a Renault com aumento de 60,78% na produção, seguida da Volkswagen com variação de 3,65%.

De acordo com o economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Paraná, o nível de produção alcançado no primeiro semestre deste ano pode ser considerado bom, mesmo levando em consideração que os seis primeiros meses de 2009 foram influenciados pela crise financeira mundial.

A produção acelerada se deve ao mercado interno aquecido, com facilidade de crédito e aumento da renda do trabalhador. O mesmo ritmo, no entanto, não deve ser verificado até o final do ano. As exportações retomaram as trajetórias de aumento nas vendas após as quedas intensas no ano passado por causa da crise, crescendo 48% no semestre, o que indica recuperação neste setor. “A indústria automobilística no Paraná tinha uma participação importante nas exportações até 2005. Exportava metade da produção. Depois, os índices sofreram redução e a crise afetou muito em 2009. Hoje, do volume produzido no Paraná, 24% é exportado”, explica Cordeiro.

Os resultados já refletiram na geração de empregos. Segundo dados do Dieese e do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, atualmente são 7.402 postos de trabalho somente na produção de veículos (sem contar com os outros setores das montadoras, como a parte administrativa). Isto representa um incremento de 13% sobre o nível de emprego do primeiro semestre de 2009. “A mão de obra cresceu 13% e a produtividade aumentou 25%. Isto significa que os funcionários estão trabalhando muito mais. As empresas estão aumentando as horas extras, inclusive nos finais de semana. Algumas montadoras poderiam ampliar o quadro de trabalhadores e mesmo assim teriam que recorrer às horas extras. Isto está causando um desgaste enorme nos trabalhadores”, afirma Jamil Dávila, presidente em exercício do sindicato.

Os metalúrgicos deram início no final de julho à campanha salarial deste ano. A categoria entende que o mais adequado aos trabalhadores das montadoras seria pelo menos 50% a mais do que foi conquistado no ano passado: abono de R$ 2,8 mil e aumento real de 3,7%. Quanto às horas extras, o pedido seria para dobrar o valor pago atualmente (50% da hora regular) de segunda-feira à sábado, ou seja, 100% da hora normal da jornada de trabalho. Para domingos e feriados, o sindicato quer chegar em 200% da hora regular.

Os índices finais da proposta serão definidos em assembleias com os empregados. Uma assembleia foi realizada ontem e para hoje estão programados encontros nas portas das fábricas da Volkswagen, Volvo e Renault. “Esperamos bom senso e reconhecimento por parte dos patrões, para que não chegue ao ponto da paralisação”, destaca Dávila.

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