Enquanto várias montadoras brasileiras puseram o pé no freio, anunciando férias coletivas em função da retração do mercado, no Paraná as perspectivas para 2003 são de recuperação. Depois de um ano de 2002 ruim, em que a produção local caiu 13% em relação a 2001, com queda no volume de todos os fabricantes de autoveículos do Estado, neste ano todas as empresas – em menor ou maior grau – apresentam planos de expansão. Se confirmadas as previsões das montadoras, o volume de automóveis de passeio, utilitários, ônibus e caminhões produzidos no Paraná crescerá em torno de 16%, totalizando 181 mil unidades – contra 156.227 no ano passado.
Renault/Nissan
A aliança Renault/Nissan prevê crescimento de 45,61% na produção, de 54.076 unidades em 2002 para 78.744. Além de recuperar a forte queda do último ano, alcançando esse volume haverá um aumento de 10,73% sobre o total produzido em 2001 (71.108). Segundo estimativa da montadora francesa, o percentual destinado à exportação deverá passar de 5,3% (2.567) para 11% (7.900), um incremento de 207,75%. A Renault exporta os modelos Clio e Scénic do Paraná para Argentina, Paraguai, Uruguai, Cuba, Chile e Peru. No mercado interno, a projeção é elevar as vendas no varejo em 8,86%, totalizando 70 mil carros.
Na produção de motores da Mecânica Mercosul – também instalada no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais – espera-se uma elevação de 19,5%, de 157.151 para 187.805 unidades. O montante exportado (para Argentina, Colômbia, México, Eslovênia e Turquia) deve ter um acréscimo de 10,81%, chegando a 98.089.
A Nissan também registra desempenho positivo na fábrica conjunta com a Renault, que tem cerca de 300 empregados. Com o lançamento do seu segundo modelo no Paraná (o XTerra), a marca japonesa pretende chegar a 10% do mercado de utilitários esportivos. A picape Frontier, lançada em junho passado, já representa 19% das vendas do segmento de picapes médias. Com os dois modelos nacionais, a montadora planeja comercializar 8,8 mil unidades em 2003 contra 4.412 em 2002 sendo 7 mil Frontier, mil Xterra e o restante dos importados Pathfinder e Maxima. Nesse ano, 100 Xterra serão exportados para países do Mercosul. A Frontier já é vendida para a Argentina.
Com capacidade para 20 mil veículos por ano, há possibilidade de a fábrica da Renault/Nissan contratar mais 200 trabalhadores e passar a operar em dois turnos a partir de novembro. Segundo apurou O Estado, a marca japonesa fechou um contrato de exportação de 15 mil Frontier para o México a partir de 2004. Isso dobraria a previsão de produção da unidade, que nesse ano é de 14.500 automóveis. Além da Frontier e do Xterra, a Renault produz a furgão Master na mesma planta. Saem 4 a 8 furgões por dia, enquanto a Nissan produz 8 veículos por hora.
Volks/Audi
Na Volkswagen/Audi, o ano é de mudanças. A linha de produção está sendo ajustada para a produção do novo veículo da família Polo, conhecido como projeto Tupi, destinado ao mercado interno e América do Sul. Alguns veículos para teste já estão sendo montados na planta de São José dos Pinhais, mas a fabricação em escala só deve iniciar em agosto, para abastecer a rede de concessionárias até o lançamento do carro, previsto para setembro. Pelo planejamento inicial da Volkswagen, serão fabricadas 10 mil unidades do Tupi em 2003.
A meta inicial da fábrica era produzir 107 mil veículos neste ano, mas a previsão foi revisada para 97 mil veículos -volume similar ao do ano passado. Nos cinco primeiros meses saíram da fábrica cerca de 40 mil automóveis. A unidade da Volks/Audi está passando por algumas reestruturações. Em julho, será interrompida a montagem da picape Saveiro, que começou em julho do ano passado para complementar a produção da Volks em São Paulo. Além disso, a partir desta semana, a produção diária foi reduzida de 400 para 350 carros em média. Um dos motivos seria a retração do mercado, apesar das exportações continuarem puxando o desempenho da planta. De acordo com informações da comissão de fábrica, essa diminuição da produção não implica em demissão de trabalhadores, já que os funcionários retirados da linha de produção estão sendo treinados para montar o carro novo.
Só que com a queda no ritmo de produção, as contratações que deveriam ocorrer em virtude da fabricação do Tupi e a possibilidade de reinício do terceiro turno ficam adiadas, provavelmente para o começo de 2004. Hoje a planta tem 2,4 mil funcionários. Por causa das adequações na linha de montagem, a fábrica da Volks/Audi dará folga coletiva aos empregados de 30 de junho a 11 de julho. A Renault também pára a produção em julho, por causa do recuo de mercado. A paralisação só não atinge a fábrica de veículos utilitários. Nas duas montadoras, aguarda-se uma recuperação das vendas no segundo semestre, motivada pelos lançamentos da linha 2004 e provável redução dos juros.
Volvo
A Volvo do Brasil, na Cidade Industrial de Curitiba, receberá US$ 100 milhões em investimentos no triênio 2003/2005, para renovação e ampliação da linha de produtos fabricados no Brasil. Neste ano, a empresa projeta repetir o desempenho do ano passado: 5.552 unidades, entre caminhões e ônibus. A empresa consolidou a liderança no segmento de caminhões pesados, vendendo 1.706 caminhões nos cinco primeiros meses de 2003 (24,85%).
A previsão da Volvo é dobrar a exportação de cabines de caminhão para a Suécia em 2003, totalizando 7,2 mil unidades, por conta da recuperação do mercado europeu de caminhões pesados, que deixou a capacidade instalada da fábrica da Volvo na Suécia no limite.