Montadoras do Paraná batem recorde de produção

As montadoras instaladas no Paraná bateram em 2004 recorde de produção. Foram 232.335 unidades produzidas no ano passado, volume quase 36% maior do que o registrado em 2003. Em nível nacional, o crescimento foi de 20,70%. Além disso, pela primeira vez desde a consolidação do pólo automotivo no Estado, em 1999, a produção automotiva ultrapassou a marca de 200 mil unidades. Os dados foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), em conjunto com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.

Com exceção dos comerciais leves (camionetas de carga), todos os demais segmentos apresentaram o maior nível de produção desde 1999. O bom desempenho, segundo o supervisor do Dieese-PR, Cid Cordeiro, se deve sobretudo à retomada do crescimento do mercado interno. ?O ano de 2004 marcou um novo perfil da produção no Paraná, que se tornou menos exportador e mais voltado para o mercado interno?, apontou Cid Cordeiro. A produção do Fox (VW), voltado essencialmente para o mercado interno, contribuiu para este novo perfil. Também fatores econômicos, como o aumento do volume de crédito (22,54%), queda da taxa de juros para financiar veículos – de 3,12% em 2003 para 2,58% em 2004 -, além de uma tímida recuperação salarial dos trabalhadores, favoreceram as compras no País.

No ano, quase todas as montadoras apresentaram aumento na produção em relação a 2003, como a Renault (crescimento de 179,62% de comerciais leves), Volkswagen (86,52% de automóveis de passageiros), Volvo (48,90%, entre caminhões e ônibus Nissan (27,05%) e Case New Holland (1,51%). Apenas a Audi (-21,40%) apresentou queda na produção. A participação do Paraná na produção nacional de veículos também aumentou, passando de 9,08% em 2003 para 10,22% no ano passado. Já as exportações diminuíram no ano, passando de 35,29% da produção em 2003 para 34,24% em 2004.

Expectativa

Conforme projeção da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a produção de veículos este ano deve crescer 5,4%, o que significaria 12,5 mil unidades a mais no Paraná. Para Cid Cordeiro, no entanto, o aumento da produção pelas montadoras aqui instaladas pode ser ainda maior, chegando a 107 mil unidades. ?Se confirmarem as expectativas da Volkswagen, com o Fox tendo ganho de escala, e da Renault, com o novo modelo (que deve começar a ser produzido entre junho e agosto), o crescimento da produção poderá chegar a 46%?, apontou Cid.

Na outra ponta, o ano promete ser difícil para a Case New Holland (CNH). ?A empresa, que estava num crescente, deve ter em 2005 o pior dos últimos dez anos?, afirmou o secretário geral do sindicato, Clementino Tomaz Vieira. Apenas em dezembro, a CNH dispensou 322 funcionários. Por conta da má fase da agricultura, especialmente pela queda da cotação da soja, também as vendas caíram: enquanto em janeiro do ano passado a CNH vendeu 429 colheitadeiras, no mesmo mês este ano foram apenas 129 unidades. ?Com cada colheitadeira sendo vendida ao preço de R$ 640 mil a R$ 700 mil, conclui-se que houve uma evasão de R$ 210 milhões apenas em janeiro?, apontou Clementino.

Sindicato pede mais fiscalização

O aumento da produção automotiva do Paraná está acontecendo às custas da saúde do trabalhador. A denúncia foi feita ontem pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka. Segundo ele, as montadoras têm exigido que os funcionários façam horas-extras em excesso, comprometendo assim a saúde e a segurança deles.

De acordo com Butka, na semana que vem o sindicato vai entregar na Delegacia Regional do Trabalho (DRT-PR) um ofício solicitando a listagem das empresas que receberam autorização para reduzir o horário de almoço. É que funcionários de tais empresas, conforme prevê a lei, não podem fazer hora-extra. ?Se essas empresas tiverem autorização por parte do Ministério do Trabalho para reduzir o horário de almoço, vamos pedir a revogação imediata?, afirmou Butka.

Segundo ele, o sindicato vai exigir ainda que os órgãos públicos – incluindo a DRT e o Ministério Público do Trabalho – aumentem a fiscalização nas empresas. ?Estão explorando demais a mão-de-obra dos trabalhadores?, denunciou Butka. A solução, segundo ele, seria a contratação de mais pessoas por parte das montadoras. Segundo cálculos do sindicato e do Dieese-PR, seria necessário contratar mais mil pessoas para colocar fim às horas-extras. (LS)

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