A produção de veículos em dezembro foi ainda mais baixa do que a de novembro e as incertezas em relação ao primeiro trimestre levam as montadoras a estudar medidas de flexibilização da jornada de trabalho para reduzir a produção. A Volkswagen estuda reduzir a semana de trabalho na fábrica do Paraná, medida também em avaliação por outras montadoras do ABC paulista. “É melhor parar a fábrica um dia inteiro, pois se economiza com energia, transporte e restaurante”, diz um executivo.
A Renault suspendeu, esta semana, 1 mil contratos de trabalho na fábrica paranaense. Os funcionários ficarão em casa por cinco meses e receberão parte dos salários da empresa e parte em forma de seguro-desemprego e curso de profissionalização bancado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Segundo a montadora, a medida reduzirá a produção de automóveis à metade, de 620 para 310 unidades ao dia. A PSA Peugeot Citroën deu licença remunerada a 700 trabalhadores até março e a General Motors optou por novas férias coletivas a 5,5 mil pessoas.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, lembra que, em dezembro, a maioria das montadoras deu férias coletivas por períodos mais longos do que em anos anteriores. O resultado da produção será divulgado amanhã, mas ele adianta que “naturalmente deve ter caído”. Em novembro, segundo a Anfavea, a produção de 194,9 mil veículos foi 34,4% menor que a de outubro. Os dados envolvem carros, comerciais leves, caminhão e ônibus.
Schneider reconhece que ações adotadas pelo governo começaram a surtir efeito em dezembro, quando as vendas cresceram quase 10% ante novembro. “Mas uma análise mais efetiva da dimensão das medidas só poderá ser feita após janeiro.” A redução do IPI para automóveis foi anunciada em meados de dezembro. Por causa da necessidade de refaturar os carros do estoque, para que fossem contemplados pelo benefício, houve atrasos nas entregas. Muitos consumidores ainda não receberam os veículos. Schneider ressalta que o crédito voltou ao mercado de novos, embora mais caro. Já para os usados, a escassez ainda é um desafio. Das medidas anunciadas, só o financiamento de 100% do valor dos caminhões pelo Finame ainda não foi regulamentado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.