Montadoras afastam 16 mil hoje e lay-off pode chegar a 40 mil em junho

Com as vendas de veículos novos acumulando queda de mais de 20% nos cinco primeiros meses de 2015, a indústria automobilística brasileira começa junho com 22,4 mil metalúrgicos afastados pelas montadoras, por meio de férias coletivas e lay-offs. Desse total, apenas nesta segunda-feira, 1, as empresas suspenderam 16,6 mil trabalhadores no País, para ajustar produção à baixa demanda. Se somados aos 17,7 mil que devem ser afastados nas próximas semanas, o total de metalúrgicos que estarão suspensos durante algum dia de junho ultrapassa 40 mil pessoas.

A partir de hoje, Mercedes-Benz e General Motors (GM) deram férias coletivas a trabalhadores em três fábricas. No caso da fabricante de caminhões, são 7 mil metalúrgicos em férias até o próximo dia 15 de junho, em São Bernardo do Campo (SP). Na unidade, a montadora possui outros 250 funcionários em lay-off desde maio do ano passado até 30 de setembro. Na última sexta-feira, a empresa demitiu 500 metalúrgicos da fábrica que deveriam retornar ao trabalho em 15 de junho, após cinco meses com contratos suspensos.

A Mercedes também colocou, a partir desta segunda, todos os cerca de 500 empregados da linha de produção de Juiz de Fora (MG) em férias coletivas até 15 de junho. De acordo com o presidente do sindicato dos metalúrgicos da cidade, João César da Silva, estão nesse grupo os cerca de 100 trabalhadores que deveriam ter retornado hoje ao trabalho após lay-off. Ele diz que o sindicato está negociando com a montadora um acordo que prevê dois novos grupos de lay-offs – de julho a novembro e de dezembro a abril – “em troca de estabilidade no emprego”.

GM

Já a GM parou totalmente a produção na fábrica de São Caetano do Sul (SP) de hoje a 28 de junho, fazendo com que 5,5 mil trabalhadores fiquem em casa nesse período. Conforme o sindicato dos metalúrgicos da região, fazem parte desse grupo os 900 trabalhadores que estão em lay-off desde maio até outubro deste ano. Na unidade, a montadora tem ainda 819 empregados com contratos suspensos. Eles deveriam retornar ao trabalho no próximo dia 9, mas a empresa ampliou o afastamento por mais um mês, para evitar demiti-los agora, segundo o sindicato.

A General Motors também anunciou que dará férias coletivas a 1,7 mil metalúrgicos na fábrica de São José dos Campos (SP) de 15 a 30 de junho. Eles deverão se juntar aos cerca de 770 trabalhadores da unidade que estão em lay-off até agosto deste ano. Esse número era de aproximadamente 790 funcionários. Porém, 20 deles retornaram ao trabalhado na semana passada, após serem chamados pela empresa, informou o presidente do sindicato dos metalúrgicos da cidade, Antônio Ferreira Barros, conhecido como Macapá.

Líder de mercado, a Fiat também anunciou que paralisará toda a sua produção na fábrica de Betim (MG) de 8 a 12 de junho, afastando temporariamente cerca de 16 mil funcionários. Será a terceira vez que a montadora recorre à medida para ajustar a produção à demanda só neste ano. Em março e maio, ela tinha colocado dois grupos de 2 mil trabalhadores em férias coletivas. A Scania faz uma parada técnica da produção em São Bernardo nesta semana, para diminuir estoques, suspendendo 3,4 mil trabalhadores.

Volks e Ford

A Volkswagen, por sua vez, colocou 220 trabalhadores em lay-off a partir de hoje, por até cinco meses, em São Bernardo. Segundo a empresa, a medida foi mais uma “ferramenta de flexibilização para adequar o volume de produção à demanda do mercado”. A montadora também tem 370 metalúrgicos com contratos suspensos em Taubaté (SP), sendo 120 desde abril e 250 desde fim de março; em ambos os casos, por cinco meses. A Volks possui ainda 570 metalúrgicos em lay-off na fábrica de São José dos Pinhais (PR), de abril a agosto.

A Ford está com toda a produção paralisada em Camaçari (BA) desde 25 de maio, após dar férias coletivas aos 2,8 mil trabalhadores da unidade. Segundo a empresa, ele retornarão ao trabalho nesta quinta-feira (4), mesmo sendo feriado. A montadora também tem 200 empregados em lay-off em São Bernardo desde 11 de maio, por até cinco meses. Eles faziam parte do grupo de 424 trabalhadores que estavam em banco de horas desde fevereiro. O restante aderiu ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) aberto pela empresa. (Igor Gadelha – igor.gadelha@estadao.com)

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