As montadoras brasileiras vão formalizar ao ministro da Economia, Paulo Guedes, um pedido para que o acordo de livre-comércio de veículos com o México seja revertido e que volte a ser adotado o sistema de cotas livres de impostos. Também pedirão uma regra mais suave quanto à origem das peças usadas nos carros, segundo fontes do setor.

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Pelo acordo, os dois países passaram a ter livre-comércio a partir do último dia 19, com a exigência de que os carros produzidos no México e exportados ao mercado brasileiro tenham 40% de peças produzidas localmente, e vice-versa. Antes, o comércio tinha um sistema de cotas e a exigência de conteúdo local era menor, de até 35%.

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De acordo com representantes das montadoras, desde que o acordo passou a ser de livre-comércio, o México tem tido dificuldades para atingir a exigência de 40% de conteúdo local e, em razão disso, o comércio diminuiu significativamente.

O país importa grande parte dos componentes usados na produção dos veículos – especialmente dos Estados Unidos, para onde exporta a maioria dos automóveis que produz.

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Com isso, a associação que representa as montadoras do México (Amia) entrou em contato com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para tentar convencer os dois governos a reverem as condições anteriores da parceria comercial em vigor desde 2002.

Se os dois governos concordarem em retomar a exigência de conteúdo ao nível de 35%, estariam reduzindo uma barreira para a exportação de veículos mexicanos para o Brasil. Para compensar essa “abertura”, o livre-comércio seria revertido, com o retorno do sistema de cotas.

Antes do acordo vencer, a Anfavea já defendia a manutenção de cotas por pelo menos mais três anos, alegando falta de competitividade do produto brasileiro em relação ao mexicano. O receio é de fuga de investimentos no País.

Após reunião realizada na quinta-feira com representantes das montadoras, a Anfavea decidiu mandar uma carta ao ministro Paulo Guedes com a sugestão e as devidas explicações técnicas.

No ano passado, nem Brasil nem México atingiram as cotas estabelecidas no comércio bilateral. De acordo com a Anfavea, as empresas brasileiras exportaram cerca de US$ 500 milhões para o mercado mexicano que, por sua vez, vendeu aproximadamente US$ 1,2 bilhão ao Brasil.

Investimentos

A pedido do ministro Paulo Guedes, um grupo de executivos das montadoras se reuniu com ele ontem de manhã no Rio de Janeiro, mas o tema principal teria sido os investimentos que o setor está promovendo.

Neste mês, a General Motors, por exemplo, anunciou investimentos de R$ 10 bilhões para suas duas fábricas no Estado de São Paulo no período de 2020 a 2024, após ter ameaçado suspender aportes no País em razão dos elevados custos locais e da falta de retornos financeiros nas operações da América do Sul.

O presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga, foi um dos presentes ao encontro de ontem. Também participou Antonio Filosa, presidente da FCA para América Latina – que tem em andamento um programa de R$ 14 bilhões para o período de 2018 a 2022.

Embora presida a Anfavea, Antonio Megale representou a Volkswagen, empresa na qual trabalha. Nenhum dirigente nem a entidade quis comentar sobre o encontro, que também teve as presenças de outros dirigentes do setor automotivo e de secretários do governo.

A questão do acordo com o México foi mencionada, porém não aprofundada, segundo fontes a par da agenda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.