Ferramentas desenvolvidas bem longe dos laboratórios de química e biologia vão ser a nova arma da nova gigante global que será formada pela união da alemã Bayer com a americana Monsanto – que terá receita global de US$ 26 bilhões ao ano – para continuar na liderança do agronegócio. Nos Estados Unidos, a Monsanto começará a vender monitoramento e dados a produtores rurais, segundo o presidente global da companhia americana, o escocês Hugh Grant. É uma forma de a empresa reagir à tendência de redução de uso de fertilizantes e herbicidas em lavouras.

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Por enquanto, segundo o executivo, a empresa vem testando o serviço, que ainda é oferecido gratuitamente. Em breve, no entanto, a ideia é lançar um sistema que oferecerá o monitoramento de lavouras por satélite. O preço deverá girar em torno de US$ 3 por acre (medida equivalente a 40% de um hectare) e cada propriedade poderá ter acesso a dados por meio de um aplicativo. Esse serviço foi viabilizado pela aquisição da The Climate Company (TCC), em 2013, por quase US$ 1 bilhão.

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“Por meio desse serviço, que vai oferecer o sobrevoo de um satélite pela propriedade, o produtor rural terá condições de saber que pragas podem estar começando a afetar as plantas”, disse Grant. “Dentro dos próximos 12 meses, nós acreditamos que poderemos já dizer quais são as pragas específicas que estão afetando a lavoura.”

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Sem volta

Em visita ao Brasil, no mês passado, o presidente global da Monsanto afirmou que a redução de uso de produtos químicos na produção agrícola é um caminho sem volta. Repartindo uma maçã no palco durante sua apresentação em um evento do setor, ele lembrou que apenas cerca de 3% da área global dispõe solo disponível para agricultura, quando descontam-se os oceanos, as cidades, as florestas e áreas extremamente secas.

O manejo cada vez mais específico das lavouras é um tema de preocupação no agronegócio, segundo Fábio Solferini, presidente da consultoria Intl FC Stone. Ele lembra que, no passado, as fazendas aplicavam fertilizantes em toda sua extensão. Hoje, as áreas são divididas em talhos, com uma análise detalhada de cada uma dessas áreas. Assim, aplica-se o produto somente onde é necessário e preserva-se o solo ao garantir que a terra só receberá os nutrientes de que precisa.

“O mesmo acontece com os herbicidas, que hoje são espalhados por tratores comandados por GPS, atingindo somente as plantas que têm problemas”, diz Solferini. Para o executivo, ao migrar para o fornecimento de dados aos produtores rurais, a Monsanto tem condições de chegar à frente de um mercado que terá demanda certa. “A proposta parece ser inovadora.” Brasil.

Atualmente o segundo maior mercado global da Monsanto, o Brasil está ganhando importância dentro do desenvolvimento de produtos da companhia. Segundo Grant, a união com a Bayer vai criar uma força global de inovação que investirá cerca de US$ 2,5 bilhões ao ano. O executivo diz que o País é o principal centro da agricultura em clima tropical – e que os avanços em produtividade por aqui devem motivar a ampliação das pesquisas que possam ser aplicadas em outras regiões de clima quente, como a África.

A semente batizada de Intacta foi o primeiro produto pensado especificamente para uma necessidade do mercado brasileiro – tornar a soja resistente a um tipo de lagarta que destrói a planta. Agora, a matriz está desenvolvendo, em parceria com a filial brasileira, a segunda geração desta tecnologia.

Embora o desenvolvimento da tecnologia em si fique concentrado nos Estados Unidos, os testes em solo brasileiro exigem a transferência de recursos e de profissionais para o acompanhamento dos testes. Hoje, cerca de 300 pessoas estão envolvidas no trabalho espalhado em mais de 20 estações experimentais no Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.