Moinhos de trigo temem retomada da crise

Em mais um golpe estratégico, o governo da Argentina autorizou a retomada das exportações de farinha de trigo, suspensas desde o dia 8 de março sob a alegação de proteção do abastecimento interno. As exportações de trigo, contudo, ainda estão suspensas.

Para o Brasil, a decisão dos argentinos vai afetar gravemente a indústria, uma vez que a principal fonte da matéria-prima trigo é a Argentina. ?Seremos obrigados a comprar a farinha deles, pois não teremos trigo para moer visto que eles fecharam as exportações e isso será péssimo para o setor. Nossa indústria ficará ociosa. Por isso mesmo pediremos ao governo brasileiro que tome alguma atitude para evitar uma crise dos nossos moinhos. Chegam até a ser incoerentes. Eles param de exportar trigo porque temem falta do produto no mercado interno, mas continuam vendendo farinha, sem afetar o próprio desabastecimento?, afirma Samuel Hosken, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo – Abitrigo.

 No início de março, a entidade já havia feito apelo sobre a Tarifa Externa Comum (TEC) de 10%, que é cobrada de mercados fornecedores, que não o da Argentina. A Abitrigo exige TEC de 0% para todos fornecedores de trigo, evitando, assim, a dependência dos argentinos. ?Sabendo disso, a Argentina toma todas as decisões que deseja e implica gravemente sobre o Brasil. A persistir essa situação, ocorrerá, inevitavelmente, a destruição da indústria nacional do trigo, com perda na geração de empregos e maior dependência externa, cenário que não interessa ao meio empresarial, nem ao governo nem ao consumidor do País?, ressalta Hosken.

 Segundo o dirigente, os moinhos do Brasil têm tecnologia e capacidade de receber trigo e processar, mas se não houver a diminuição da TEC e a opção de compra de outros países, pode haver um grave problema e essa malha industrial poderá ficar ociosa. ?Além disso, o setor de panificação também será atingido diretamente. Para evitar isso, basta o governo isentar a TEC, o que depende basicamente das autoridades brasileiras. Além disso, ficamos evidentemente na dependência de farinha fabricada na Argentina, o que coloca o mercado brasileiro em grande risco de desabastecimento ou insegurança alimentar?, conclui Hosken. 

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