Mitsui obtém aprovação da ANP para adquirir fatia em 4 blocos exploratórios no MA

O conglomerado japonês Mitsui obteve aprovação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para adquirir participação em quatro blocos exploratórios no Maranhão, na Bacia de Barreirinhas. A entrada no segmento de exploração e produção de petróleo e gás confirma a estratégia do grupo de atuar em todo o setor, aproveitando a temporada de baixos preços de ativos em função da crise na Petrobras e da depreciação cambial. A empresa, que aguarda finalização da compra de 49% na Gaspetro, também negocia a compra de um terminal de logística e serviços do setor, em Niterói, que atende à estatal.

De acordo com a determinação da ANP, a empresa tem 30 dias para apresentar as garantias financeiras correspondentes à aquisição de 10% de participação nos consórcios formados pela BG (65%) e pela tailandesa PTTEP (25%). Os valores do negócio não foram divulgados.

Os quatro blocos de águas profundas estão localizados na região conhecida como Margem Equatorial e foram arrematados por R$ 264 milhões em 2013. Na 13ª Rodada de licitações, realizada em outubro, a empresa japonesa também se inscreveu, mas não apresentou nenhuma proposta pelas áreas ofertadas.

Gigante japonesa com mais de 400 anos de atuação, a empresa aguarda aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a compra de 49% da Gaspetro, subsidiária da Petrobras. Com o negócio, vai ampliar sua participação em distribuidoras estaduais de gás natural de oito para 19 empresas em todo o País. A compra, orçada em R$ 1,9 bilhão, ajudará a estatal a alcançar a meta de desinvestimentos deste ano e aliviar sua frágil posição de caixa.

Antes mesmo de a compra ter sido aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras, no dia 23 de outubro, o negócio foi discutido no Cade em reunião “preparatória de notificação”. No formulário entregue à autarquia, a gigante japonesa se define como uma “holding financeira” com participação em 76 companhias nacionais em 13 áreas comerciais – desde agronegócio, mineração, bens de consumo, TI e petróleo e gás. Somente nos últimos cinco anos, a empresa participou de fusões e aquisições em 26 negócios no País, onde já atua desde a década de 60.

No segmento de óleo e gás, a empresa também é parceira da Petrobras em quatro negócios, dois deles mantidos em sigilo. O mais conhecido é a joint venture sediada na Holanda responsável pelo aluguel e operação de navios sondas, a P&M Drilling International BV, em que a empresa tem 49,4% em participação. Outra parceria é no aluguel de navios-plataforma (FPSO) para a estatal. A Modec, subsidiária do grupo japonês na área de construção, locação e serviços offshore, tem no portfólio oito embarcações alugadas à estatal nas bacias de Campos e Santos, inclusive nos principais campos do pré-sal. Outras duas embarcações estão atualmente em construção.

Para complementar a cadeia, a japonesa negocia também a compra de um terminal de logística e serviços em Niterói, na região metropolitana do Rio, com a empresa Wellstream, da GE Óleo e Gás. A negociação foi antecipada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, em outubro, e estaria em fase avançada segundo fontes próximas à negociação. A proposta da Mitsui é adquirir 49% da empresa que concentraria os ativos na área de logística e serviços. Os valores descritos chegariam a US$ 85 milhões e a proposta já teria sido encaminhada para aprovação na governança interna da Mitsui.

O terminal na mira da gigante japonesa tem uma área de 55 mil metros quadrados, construídos em 2011, com foco em “serviços de logística e equipamentos submarinos”. A WellStream tem um contrato de US$ 200 milhões com a Petrobras para “dar suporte ao desenvolvimento do pré-sal e projetos de campo de gás nas bacias de Campos e Santos”, segundo comunicado divulgado em 2011. O local também abriga uma fábrica de dutos submarinos, que continuaria sob comando da GE Óleo e Gás, conforme o modelo de negócio em discussão. Já o terminal logístico se tornaria uma joint venture com os japoneses, que poderiam assumir o controle.

Questionada à época, a GE informou que não comentaria especulações de mercado.

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