Os acionistas minoritários da Portugal Telecom (PT) estão tentando esclarecer se a equipe de gestão da companhia receberá um prêmio de performance no valor de 30 milhões de euros, que seria pago em caso de sucesso no processo de fusão com a Oi. O presidente da associação, Octávio Viana, afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que foi enviada à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) uma carta, solicitando que o órgão regulador do mercado de capitais português esclareça a questão com a PT.
Caso o prêmio seja confirmado, Viana diz que é preciso fazer uma comunicação ao mercado, por meio de fato relevante. “Também é muito importante que se esclareça quem irá pagar”, disse Viana. Procurada, a PT não retornou para comentar o assunto.
Para o presidente da associação de minoritários, o prêmio é “muito significativo”. A preocupação é de que ele possa influenciar os gestores, fazendo com que eles tomem decisões que não sejam do interesse da tele portuguesa.
Viana também afirmou que a associação já reuniu a documentação de cerca de 20 acionistas minoritários para entrar na Justiça com uma ação coletiva contra a comissão executiva da PT. Esse número pode aumentar, já que quase cem investidores já procuraram a associação.
A operadora portuguesa fez um investimento de 897 milhões de euros na Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo (GES), que, por sua vez, é dono de 10,05% da tele portuguesa. Em dificuldade financeira, a Rioforte não fez o pagamento no vencimento (últimos dias 15 e 17). O calote fez com que os termos da fusão entre Oi e PT fossem alterados: a participação da tele portuguesa na CorpCo, empresa que surgirá da fusão, cairá de 37,3% para 25,6%.
Segundo Viana, a petição está pronta e, com o calote da Rioforte, a acusação será de “violação de aspectos fundamentais de gestão” em um “investimento suicida” da PT. Ele vai esperar uma reunião com o presidente da PT, Henrique Granadeiro, na próxima terça-feira para formalizar a ação.
Hoje, o presidente da CMVM, Carlos Tavares, afirmou no Parlamento de Portugal que as aplicações da PT em títulos de empresas do Grupo Espírito Santo “não são tão jovens quanto se tem feito crer”. Nos fatos relevantes sobre os títulos, as empresas não esclarecem a data de compra. A PT informa apenas que não fez novas aplicações ou renovações desse tipo de investimento desde 28 de abril.
Tavares afirmou que a PT faz aplicações financeiras em empresas do Grupo Espírito Santo desde 2001. O presidente da CMVM disse ainda que serão feitas denúncias de eventuais comportamentos criminais.