Ministros de Comércio querem retomar as discussões sobre a Rodada Doha antes da próxima reunião do G-20 (grupo das nações mais ricas do mundo e os principais emergentes), que acontece no dia 2 de abril, em Londres. A sugestão surgiu do encontro realizado paralelamente ao Fórum Econômico Mundial, hoje em Davos, na Suíça, com representantes de 20 países. O objetivo é reativar as conversas para tentar concluir Doha e impedir uma onda protecionista neste momento de crise global.

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Há fortes preocupações de que os países passem a buscar soluções internas para a turbulência com imposição de barreiras para o comércio. O temor ficou claro na declaração dada hoje pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, em entrevista coletiva. “Estão querendo jogar o livre comércio na privada, junto com o resto do Consenso de Washington”, afirmou.

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e a ministra de Economia da Suíça, Doris Leuthard, disseram que é possível ocorrer uma reunião para a discussão de Doha antes do encontro do G-20. Nos debates de Davos, a conclusão de Doha foi apontada como um caminho de combate à crise financeira internacional. “Terminar Doha é como um pacote de estímulo econômico”, afirmou Lamy.

“A recessão irá atingir países em desenvolvimento se Doha não for concluída”, disse Amorim. Para ele, o melhor antídoto contra a crise é fechar a rodada rapidamente. “Não há nada de concreto, mas existe um humor positivo.” No entanto, a ministra suíça relatou as pressões internas que vem sofrendo. “Os empresários estão nos pedindo um ambiente mais protecionista neste momento”, afirmou.

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Para a ministra do Comércio da Indonésia, Mari Pangestu, existe a ameaça de que os países em desenvolvimento percam o avanço obtido nos últimos anos caso da Rodada Doha não seja finalizada. “Já estamos sentindo os efeitos, os emergentes já estão vendo queda de fluxo de recursos”, disse Pangestu. “Fizemos reformas e abrimos nosso mercado como sugeriu o Banco Mundial e fomos atropelados por um caminhão.” Na avaliação do ministro de Comércio da Coreia do Sul, Kim Jong-Hoon, se um país adotar uma medida protecionista, os parceiros também irão e haverá uma escalada.

‘Compre América’

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Nesse contexto, foi recebida com alívio a informação de que o governo dos Estados Unidos vai reconsiderar a cláusula “Buy American” (“Compre América”) do pacote de estímulo aprovado pela Câmara norte-americana. Ela exige que o aço e o minério de ferro usados em projetos de infraestrutura no país sejam comprados apenas de companhias norte-americanas.

Hoje, durante um painel sobre protecionismo no Fórum Econômico Mundial, um político dos EUA na plateia questionou os ministros de países em desenvolvimento sobre a adoção de critérios trabalhistas e ambientais na discussão. Ouviu uma forte reposta de Amorim. “Se os Estados Unidos querem fazer algo pelo meio ambiente, tirem a tarifa de importação do nosso etanol, que é mais eficiente”, disse o ministro.