Ministros divergem sobre o mínimo

Os ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Bernardo (Planejamento) divergiram ontem sobre a possibilidade de antecipar em dois meses o reajuste do salário mínimo.

Anteontem, durante reunião com Marinho e os ministros Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Nelson Machado (Previdência), representantes das centrais sindicais concordaram com o mínimo de R$ 350 desde que o reajuste passasse a valer em março, e não em maio como acontece todos os anos. Além disso, os sindicalistas cobraram uma correção de 10% para a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física – o governo estuda 7%.

Para Marinho, não há condições orçamentárias de fazer a antecipação. Já Bernardo acredita que é possível atender o pedido dos sindicalistas.

Em encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PC do B-SP), Marinho afirmou que a antecipação do reajuste teria um impacto de R$ 2 bilhões no Orçamento.

?Isso impacta mais de R$ 2 bilhões. Então, me parece não ser possível, mas quem vai tomar essa decisão é o presidente Lula?, disse.

Já o ministro do Planejamento, em entrevista na tarde de ontem, disse que é possível atender à reivindicação dos sindicalistas. ?Se o presidente Lula tomar a decisão com certeza nós vamos fazer a adequação orçamentária para atender essa decisão.?

Ele também ressaltou que é uma decisão política que será tomada apenas pelo presidente. A data de validade do reajuste deve ser anunciada na próxima quinta-feira, em reunião de Lula com sindicalistas e ministros.

?É uma decisão política do presidente. Mas ele sempre toma decisões políticas levando em conta os números, o custo orçamentário, o que significa isso para a Previdencia Social e principalmente o reajuste que seria justo para o trabalhador.?

Tabela do IR

Marinho também indicou que não será possível corrigir a tabela do IR em 10% proposta pelos sindicalistas. ?Eu diria que, desse jeito formulado, não é possível. O impacto no Orçamento seria de uma ordem de grandeza impossível de ser incorporada integralmente?, disse.

As centrais sindicais cobravam inicialmente do governo o reajuste do mínimo para R$ 400 e a correção da tabela do IR em 13%. Na terça-feira, os sindicatos aceitaram reduzir a reivindicação para R$ 360 e 10%. Anteontem, cederam novamente e concordaram com os R$ 350. Já o governo, desde o início das negociações, tem estudado um mínimo de R$ 350 e o reajuste da tabela de no máximo 7%.

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