A Irlanda não está negociando um pacote de resgate com a União Europeia e não está sob pressão para aceitar auxílio financeiro, afirmou o ministro de Empresas, Comércio e Inovação do país, Batt O’Keeffe, durante entrevista concedida a uma rádio local. O pronunciamento é o mais recente feito por uma autoridade do governo do país sobre o assunto desde a sexta-feira, quando os mercados financeiros da Europa oscilaram bastante por causa de preocupações com os problemas econômicos na Irlanda e com relatos de que o país, altamente endividado, estaria discutindo um financiamento de emergência junto à União Europeia.
“O fato é que certamente somos muito diferentes da Grécia porque estamos financiados até a metade do ano que vem”, disse O’Keeffe. “Além disso, temos um fundo de pensão com ? 25 bilhões. Certamente não procuramos a Europa.”
Na própria sexta-feira, o primeiro-ministro e o ministro de Finanças do país já haviam negado a informação de que o governo irlandês estava discutindo com o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF). A Comissão Europeia também afirmou que os rumores eram “pura especulação”.
O governo da Irlanda voltou a se pronunciar depois que a rede BBC afirmou que o país mantém conversas preliminares com autoridades da União Europeia, de modo que seria apenas uma questão de tempo para que uma proposta formal fosse apresentada ao EFSF. Segundo a BBC, a estimativa temporária é de que os empréstimos ficariam entre ? 60 bilhões e ? 80 bilhões.
O’Keeffe afirmou que o governo está concentrado em concluir o plano que reduzirá os gastos públicos em ? 15 bilhões ao longo dos próximos quatro anos, adequando o orçamento do país às regras da União Europeia. Investidores se preocupam com o plano de quatro anos, seu impacto sobre os prospectos de crescimento da Irlanda, e se o governo conseguirá o apoio político para conduzi-lo. Essas preocupações elevaram o risco e, portanto, o rendimento dos títulos do país.
“O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que podemos gerenciar adequadamente nossos assuntos e até agora tomamos medidas bastante confiáveis e austeras. Tudo isso será anunciado com o orçamento”, acrescentou O’Keeffe. O orçamento deve ser apresentado no dia 7 de dezembro.
FMI – Ontem, o diretor do FMI, Dominque Strauss-Kahn, afirmou que o fundo está pronto para dar suporte à Irlanda, mas ainda não recebeu nenhuma solicitação específica. Ele afirmou acreditar que o país conseguirá gerenciar a dívida sozinho. Além disso, Strauss-Kahn comentou que a situação irlandesa não parece “a mesma coisa que o problema da Grécia”, referindo-se aos esforços de União Europeia e FMI para resgatar a endividada economia grega, em maio.
Mas o Wall Street Journal relatou que autoridades europeias estão estimulando a Irlanda a aceitar um pacote de ajuda para restaurar a confiança em sua solvência e interromper a turbulência nos mercados financeiros também de outros países da zona do euro.
“Como um país, temos de inspirar confiança”, afirmou O’Keefe. “Temos de ser um povo, um governo e uma oposição que podem mostrar claramente que a Irlanda é capaz de se manter sozinha, que vai se manter sozinha e que está determinada a superar as dificuldades financeiras que temos, e que estamos preparados para tomar decisões difíceis.”
Orçamento – Jornais locais informaram neste domingo que legisladores irlandeses estão dispostos a votar a favor do novo orçamento, um movimento que poderia amenizar os temores sobre a primeira rodada de cortes de gastos públicos.
O Sunday Independent afirmou que três membros do Parlamento pertencentes ao partido de oposição Fine Gael avisaram que vão “atuar pelo interesse nacional” e ajudarão a garantir que o orçamento seja aprovado. De acordo com o Sunday Times, dois membros independentes comentaram que avaliam votar com o governo, desde que o orçamento não represente um peso exagerado sobre os membros mais frágeis da sociedade.
Os problemas da economia irlandesa devem permanecer no centro das atenções na terça-feira e na quarta-feira, quando o ministro das Finanças da Irlanda, Brian Lenihan, viaja a Bruxelas para um encontro de ministros desta pasta na União Europeia. As informações são da Dow Jones.