O ministro dos Transportes, Anderson Adauto, se comprometeu em realizar parcerias com o governo do Paraná para a realização de obras no Estado. Adauto esteve ontem com o governador Roberto Requião, em Curitiba, e depois seguiu para Paranaguá, onde conheceu os projetos de ampliação do porto. O ministro também assumiu o compromisso de recuperar estradas e complementar obras de pavimentação de rodovias, já que o governador prometeu conseguir preços inferiores.
“Onde tivermos obras mais baratas vamos ter condições de reativar as licitações. O Paraná garante que pode reduzir em até dois terços o custo, e isso com certeza tem todo o apoio do governo federal”, disse o Ministro. Adauto afirmou ainda que irá rever o regime de concessão do Porto de Paranaguá – uma das principais reivindicações do governo -, pois hoje o Paraná tem apenas a permissão de uso. “A concessão é fundamental para a transformação do porto numa zona alfandegária de produção e para que o principal terminal portuário de um estado agropecuário não seja privatizado”, disse Requião. A idéia é criar um zona especial de exportação no porto, atraindo empresas que possam importar produtos com mais facilidade e exportar a custo zero.
Outra reivindicação do Paraná é a liberação das obras de ampliação do cais do porto. Suspenso no início deste ano por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que quer rever todos as concorrências federais que estavam em andamento, o projeto prevê a ampliação em mais 820 metros, criando espaço para a atracação simultânea de mais três navios. Além disso, o projeto prevê o aprofundamento do canal de acesso ao porto, de 41 para 43 pés. Com as obras, diz o superintende do porto, Eduardo Requião, será possível aumentar em mais de 30% a movimentação no porto, que hoje chega a R$ 8,5 bilhões ao ano.
Rodovias
Ainda com o objetivo de tornar o porto mais produtivo, o governador defendeu a redução dos fretes do transporte. Uma das formas para que isso aconteça, diz Requião, é diminuir ou acabar com os pedágios. O governador garantiu que os contratos com as concessionárias das estradas são nulos, porque apresentam irregularidades como a falta de fiscalização das obras e falta de aferição nas cargas dos veículos. Mas apesar de dizer que poderia acabar com a cobrança em 24 horas, afirmou que vai negociar com as empresas.
Outro pedido do governo do Estado ao ministro foi a recuperação de 14 quilômetros de vias que dão acesso ao Porto de Paranaguá. Por elas circulam, em média, cinco mil caminhões por dia. A idéia do governo é realizar uma pavimentação de concreto, que garantiria maior durabilidade na via. As obras devem estar concluídas até o início da safra.
Sobre a recuperação de estradas e complementação de obras de asfaltamento no Paraná, o secretário dos Transportes, Waldyr Pugliesi, repassou ao ministro uma relação de obras prioritárias. Entre elas, estão as conclusão da Estrada da Ribeira (BR-476); a pavimentação da Estrada Boiadeira (BR-487); e restauração da BR-163, entre Marechal Cândido Rondon e Guaíra; da BR-116, na divisa do Paraná com Santa Catarina, e da BR-153, entre Santo Antônio da Platina e Ibaiti.
O secretário Waldyr Pugliesi lembrou que os recursos para a conclusão dos 40 quilômetros que restam para o asfaltamento da Estrada da Ribeira e para o término da Boiadeira, também conhecida como Estrada do Cerne, constam do orçamento da União. “O orçamento de 2001 dispunha de R$ 26 milhões para essas duas obras, mas os recursos não foram direcionados”, disse o secretário, que confirmou que existem outros R$ 30 milhões previstos para essas estradas, e ele espera que esses recursos possam estar no Paraná em 60 dias.
Adauto nega que vá deixar o cargo
Rosângela Oliveira com AG
O ministro dos Transportes Anderson Adauto, se irritou em responder perguntas aos jornalistas sobre a possibilidade de deixar o cargo em função de acusações de desvio de verbas do município de Iturama (MG). Em visita ao Porto de Paranaguá, Adauto chegou a dizer que tais respostas poderiam ser encontradas junto ao Palácio do Planalto, “pois com certeza eles têm mais informações do que eu”.
Em meio a uma guerra de informações travada entre petistas e a cúpula do PL, o ministro dos Transportes, Anderson Adauto, ganhou uma sobrevida na Esplanada dos Ministérios. Oficialmente, o porta-voz da Presidência, André Singer, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pretende substituir ministros. Mas, em conversas reservadas, integrantes do Palácio do Planalto admitiam que a permanência do ministro dependerá muito da evolução do noticiário até o fim do mês. Transtornado, Adauto reuniu ontem documentos para tentar provar sua inocência a Lula, que o chamou ao Planalto.
Depois da audiência, o presidente anunciou que Adauto continua no cargo:
– O ministro continua ministro e vai combater a corrupção – afirmou.
O porta-voz do Planalto disse ontem à noite que o encontro entre o presidente e o ministro foi para tratar da recuperação de estradas. Ao se referir à polêmica em torno da permanência ou não de Adauto no cargo, Singer disse que o ?assunto está encerrado há muito tempo?.
– No despacho, o presidente Lula reafirmou a missão confiada ao ministro de moralizar o Ministério dos Transportes. O assunto já está encerrado há muito tempo – disse Singer.
O Ministro se defendeu dizendo que não trabalhou para estar no cargo, mas como foi convidado, tinha que cumprir a missão de diminuir o custo das obras públicas. O governador do Paraná, Roberto Requião, saiu em defesa de Adauto, dizendo que as supostas denúncias envolvendo o ministro estão sendo fomentadas por empreiteiras que perderam as regalias do governo. “Eu mesmo falei com o Lula agora pela manhã (ontem pela manhã) e ele me garantiu que o Adauto fica no cargo”, antecipou Requião.
Lenha
O governo esperava que o assunto envolvendo Anderson Adauto fosse morrendo, por ter sido arquivado pela Justiça de Minas Gerais no ano de 2001. Mas apareceram mais informações que envolvem pessoas ligadas ao ministro e aos desvios de verbas. Um de seus assessores, Sérgio José de Souza, acabou demitido do Ministério dos Transportes em seguida à sua nomeação, por estar citado no caso de desvio de verbas da Prefeitura de cidade mineira. Adauto é da cota do partido no governo Lula e foi indicado pelo vice-presidente, José Alencar (PL). Os liberais querem manter o ministro no cargo para evitar desgaste no partido.