Rio (ABr) – O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 19,75%. Para o ministro, a manutenção do patamar vai atrasar o processo de retomada de crescimento da economia. ?O pessoal do Copom não tomou a decisão mais acertada. Essa é a minha opinião.?
O ministro concorda que a taxa de juros é um componente importante para o controle da inflação, mas acredita que a economia mostra sinais que permitem a redução do patamar atual. ?A inflação é uma preocupação no conjunto da sociedade e precisa estar sob controle. Isso é compromisso de governo. Agora, todas as condições, na minha modesta opinião, estão dadas para iniciar o processo de redução de juros. Então, acho que eles atrasaram um mês para iniciar esse processo?, analisou.
Luiz Marinho considera que a interrupção na elevação da Selic por dois meses consecutivos sinaliza um potencial de crescimento. ?Eu vejo toda a condição da economia ser acelerada agora no segundo semestre, sendo atrasada por 30 dias por decisão do Copom, mas enxergo perspectivas positivas do segundo semestre para o ano que vem, do ponto de vista do emprego?, afirmou.
Centrais
As duas maiores entidades sindicais de São Paulo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, criticaram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 19,75% ao ano. Em notas divulgadas separadamente, anteontem, as entidades defendem a queda dos juros.
Para o presidente interino da CUT, Wagner Gomes, manter os juros em 19,75% é uma ?insensatez?, pois ?a inflação já recuou e cede espaço à deflação?. A central pede a participação de entidades sociais no Conselho Monetário Nacional (CMN), responsável por definir as metas econômicas do País.
?Diante do grave momento político que vivemos, a CUT acredita que melhor seria convocar a sociedade, incluindo trabalhadores, movimentos sociais, empresários e classe política, para estabelecer uma negociação ampla em torno de metas de crescimento e de defesa do processo democrático, que incluiria, necessariamente, a queda da taxa básica de juros?, afirmou Gomes.
O presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, considerou ?nefasta? para a economia brasileira a decisão do Copom. ?Neste patamar estratosférico, os juros vão continuar estrangulando o setor produtivo e inibindo o consumo e a criação de novos postos de trabalho?, afirmou na nota. Para ele, a manutenção dos juros afeta o desenvolvimento futuro do País. ?Mais uma vez, o governo frustra as expectativas de voltarmos a ter esperança de crescimento econômico. Essa taxa já aponta recessão para o segundo semestre?, afirmou Paulinho.